I-Ching: Difference between revisions
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O I Ching ou Livro das Mutações, é um texto clássico chinês composto de várias camadas, sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes era chamado apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou "mutação". | O I Ching ou Livro das Mutações, é um texto clássico chinês composto de várias camadas, sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes era chamado apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou "mutação". | ||
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Vistas as possibilidades de mutação, fica claro que é muito importante conhecer o processo de interação entre os Elementos, porque cada trigrama corresponde a um Elemento, e o hexagrama é composto de dois trigramas, o que significa que a indicação do oráculo é o resultado de dois Elementos que se influenciam reciprocamente, de modo positivo ou negativo. | Vistas as possibilidades de mutação, fica claro que é muito importante conhecer o processo de interação entre os Elementos, porque cada trigrama corresponde a um Elemento, e o hexagrama é composto de dois trigramas, o que significa que a indicação do oráculo é o resultado de dois Elementos que se influenciam reciprocamente, de modo positivo ou negativo. | ||
== | ==Assuntos Relacionados== | ||
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O I Ching ou Livro das Mutações, é um texto clássico chinês composto de várias camadas, sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes era chamado apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou "mutação".
O "I Ching" pode ser compreendido e estudado tanto como um oráculo quanto como um livro de sabedoria. Na própria China, é alvo do estudo diferenciado realizado por religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoísta.
Filosofia e cosmologia no I Ching
As oito figuras que formam o I Ching estão na base da cultura que se desenvolveu na China durante milênios. Para os chineses a ordem do mundo depende de se dar o nome correto às coisas, portanto o significado de "I" sempre foi objeto de discussão.
Alguns vêem o ideograma I como semelhante ao desenho de um camaleão, representando o movimento (como o lagarto) e a mutação (como o mimetismo do camaleão). Outros afirmam que o ideograma é formado pelo do Sol em cima e o da Lua embaixo, a mutação sendo simbolizada pelo movimento incessante destes astros no céu.
Para o pensameno chinês, não há o que mude, há apenas o mudar. A mutação seria o caráter mesmo do mundo. Mas a mutação é, em si mesma, invariável, ela sempre existe. Portanto, "I" significa mutação e não-mutação. Subjaz, à complexidade do universo, uma 'simplicidade' que consiste nos princípios que estão por trás de todos os ciclos. Ao fluir com as circunstâncias se evita o atrito e portanto a resistência: esse é o caminho do homem sábio.
Tanto o taoísmo como o confucionismo, as duas linhas da filosofia chinesa, beberam da fonte do I.
Tudo que ocorre no céu e na terra tem sua imagem nos oito trigramas, que estão continuamente se transformando um no outro. Têm várias camadas de significados, e representam processos da natureza. São, portanto, o mundo arquetípico, ou o mundo das idéias de Platão. É usada para ilustrá-los a analogia com a família:
- o pai é forte
- a mãe é maleável
- os três filhos são as três fases do movimento: início, perigo e repouso
- as três filhas são as três etapas da devoção: suave penetração, clareza e tranqüilidade
Em Heráclito, e mais tarde na dialética européia, encontramos os ecos da fluidez que é a base do I Ching.
História
O mais antigo método chinês de adivinhação do qual se tem notícia é a leitura de sinais em ossos de boi. Em geral, a omoplata do animal era colocada sobre o fogo e, depois de algum tempo, apareciam rachaduras no osso, provocadas pelo calor, que eram então lidas como a mensagem do destino. Desse método primordial derivou-se o de queimar a carapaça da tartaruga, animal sagrado para os chineses, símbolo da estabilidade e da longevidade. Exposta também ao calor, a carapaça rachava-se e o adivinho interpretava as linha que se tinham formado.
Segundo a tradição, durante a dinastia Shang (c. 1766-1122 a.C.) e durante o primeiro período da dinastia Chou, o oráculo era consultado através de varetas de caule de milefólio. O adivinho jogava as varetas e obtinha um número par ou impar, que determinava se a linha era inteira ou cortada. depois de ter jogado seis vezes, o hexagrama estava formado. Assim, segundo essa hipótese, os hexagramas seriam apenas representações gráficas das combinações obtidas com as varetas. nessa época em que o I Ching estava sendo elaborado, a adivinhação não era uma arte ao alcance de todos - ligada ao sistema de governo, era, portanto, uma disciplina reservada aos soberanos.
Por volta de 1150 a.C., o Imperador Shang Chou Hsin, despeitado pela reconhecida capacidade de governar do Rei Wen, senhor da província de Chou, mandou aprisioná-lo. Enquanto estava preso, Wen empregou seu tempo elaborando os julgamentos que acompanham os hexagramas. Depois de um período de lutas, no qual a província de Chou se rebelou, o Rei Wen retirou-se do governo e foi sucedido pelo seu filho Wu, que derrotou a dinastia Shang, dando início à dinastia Chou. Wu, conhecido como o Duque de Chou, descobriu os estudos que o pai realizara sobre o I Ching e, percebendo a importância cultural que continha, decidiu continuar a obra. Sua grande contribuição foram os 384 comentários às linhas mutáveis (ou móveis).
Muito tempo depois, o I Ching foi enriquecido com os comentários, atribuídos a Confúcio e alguns de seus discípulos. Posteriormente, Pu Shang, um seguidor de Confúcio, foi encarregado de difundir os conhecimentos milenares conservados no livro, formando -se então em torno dele toda uma escola filosófica, que produziu grande quantidade de textos anteriores, deram origem ao que atualmente é conhecido como as Dez Asas. Sobrevivendo às guerras, às várias dinastias e à queima das bibliotecas, o I Ching atravesou os séculos até chegar ao Ocidente em fins do século passado. No entanto, o Livro das Mutações ainda deveria esperar até 1923 para alcançar uma tradução à altura de seus méritos. Nesse ano, depois de longas pesquisas, o sinólogo Richard Wilhelm deu a conhecer sua tradução para a língua alemã da grande obra chinesa.
A Teoria dos Cinco Elementos
A idéia básica do I Ching é o conceito de mutação, a eterna lei que rege todo o Universo. Entre os chineses, essa lei era chamada de Tao e se manifestava através do Grande Princípio Primordial, o Taiji Tu. Assim, o I Ching concentra-se na teoria dos Cinco Elementos do Tao.
Os cinco elementos, Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, não são considerados forças estáticas, mas princípios dinâmicos que estão numa constante interação, movimento este chamado de wu hsing. A primeira descrição dos Cinco Elementos encontra-se em um antigo livro chamado Hong Fan, ou Grande Norma, um pequeno tratado considerado o livro mais antigo de filosofia chinesa.
Neste antigo livro, os Cinco Elementos estão assim mencionados:
- O primeiro é a Água, que desce e molha.
- O segundo é o Fogo, que sobe e queima.
- O terceiro é a Madeira, que se curva e se endireita.
- O quarto é o Metal, que é obediente e muda de forma.
- O quinto é a Terra, que pode ser semeada e ceifada.
Prosseguindo na simbologia divinatória do Hong Fan, encontramos ainda a seguinte correspondência para os Cinco Elementos:
- A Água corresponde ao Norte e rege o Inverno.
- O Fogo corresponde ao Sul e rege o Verão.
- A Madeira corresponde ao Leste e rege a Primavera.
- O Metal corresponde ao Oeste e rege o Outono.
- A Terra corresponde ao Centro, que é o lugar de quem governa, e pertence a todas as estações.
Os Cinco Elementos também estão em constante mutação e, portanto, podem se desenvolver ou se destruir, como é possível observar da imagem ao lado.
Os ciclos de desenvolvimento e de destruição entre os elementos podem ser assim descritos:
- A Água produz a Madeira. Contudo, se houver Água demais, sufocará o Fogo. Assim, a Água prejudica o Fogo.
- A Madeira produz o Fogo, mas se o Fogo for grande demais, consumirá a Madeira. Assim, o Fogo esgota a Madeira.
- O Fogo produz a Terra, mas se houver Terra demais, o Fogo se extinguirá. Assim, a Terra esgota o Fogo.
- A Terra produz o Metal, mas se houver Metal demais, a Terra será sobrepujada. Assim, o Metal esgota a terra.
- O Metal produz a Água, mas se houver Água demais, o Metal será submerso. Assim, a Água esgota o Metal.
- Do mesmo modo, a Água destroi o Fogo. Se o Fogo for grande demais, a Água evaporará. Assim, o Fogo esgota a Água.
- O Fogo destroi o Metal, mas se o Metal for forte demais, o Fogo se extinguirá. Assim, o Metal prejudica o Fogo.
- O Metal destroi a Madeira, mas se a Madeira for suficientemente forte, romperá o Metal. Assim, a Madeira prejudica o Metal.
- A Madeira destroi a Terra, mas se a Terra for dura demais, romperá a Madeira. Assim, a Terra prejudica a Madeira.
- A Terra destroi a Água, mas se houve água demais, a Terra será submersa. Assim, a Água prejudica a Terra.
Vistas as possibilidades de mutação, fica claro que é muito importante conhecer o processo de interação entre os Elementos, porque cada trigrama corresponde a um Elemento, e o hexagrama é composto de dois trigramas, o que significa que a indicação do oráculo é o resultado de dois Elementos que se influenciam reciprocamente, de modo positivo ou negativo.