A Torre (Tarot): Difference between revisions
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A Torre (XVI) (nome moderno, mais comum) é um dos Arcanos Maiores do Tarot. Também conhecido com A Casa de Deus, tem vários nomes, símbolos e significados. O nome e o layout na sua forma atual, é uma referência à história bíblica da Torre de Babel, em que Deus destrói uma torre construída pelo homem. Está associada à letra hebraica Peh.
Simbologia
O céu está coberto de esferas coloridas; dois homens caem de uma torre fulminada por um raio. A torre – localizada num terreno montanhoso, do qual brotam seis plantas verdes – tem três janelas azuis; a maior delas parece estar num andar mais alto que as outras. Não aparece a porta de entrada, na edição Grimaud.
Um raio com várias cores, linhas exuberantes, decapita o edifício, que é arrematado por quatro ameias. Sobre o fundo incolor do céu podemos contar 4 esferas na parte superior, 14 esferas à esquerda, 19 esferas à direita.
Um dos homens está caindo na frente da torre; do outro, mais atrás, vê-se apenas a parte superior do corpo, à direita da gravura. Os dois estão de perfil. No Tarô clássico, não aparecem tijolos ou pedras caindo sobre os homens, de modo a colocar suas vidas aparentemente em risco.
As pequenas manchas que se observam no chão, na frente da torre, não têm uma definição clara: podem ser pedras, líquido, pegadas.
Palavras-chave
Rompimento das formas aprisionadoras, liberação para um novo início. Desafios dos momentos de transição. Destruição da rigidez. Abertura. Conhecimento. Desmoronamento e queda. Alterações, subversões, mudanças, debilidades. Libertação da alma aprisionada; conhecimento súbito. Parto, crise saudável. Modificação traumática, separação repentina. Perdas, insegurança. Desconfiança em si mesmo, inquietação provocada por negócios arriscados. Benefício recebido devido aos erros de outras pessoas. Austeridade, uma tendência à timidez. Temperamento piedoso, religiosidade prática que não deprecia o material.
- Mental: Indica o perigo que pode haver em perseverar em certa direção, em manter uma idéia fixa. Advertência para evitar tropeços e total aniquilamento dos planos em andamento.
- Emocional: Domínio sobre os seres, mas sem caridade nem amor, já que se exerce com despotismo. Tarde ou cedo, sofrerá uma rejeição afetiva.
- Físico: Projeto brutalmente abortado. Sinal ou anúncio não levados em conta; deve precaver-se nas atividades e negócios. A chama que decapita a torre pode ser interpretada, no entanto, como uma liberação. Do ponto de vista da saúde: não passar os limites das forças vitais, já que uma grave enfermidade espreita. Se há alguma enfermidade, indica o restabelecimento depois de um período penoso.
- Sentido negativo: Grande cataclismo, confusão completa. Enfermidade. Falta castigada, catástrofe produzida por imprudência. Maternidade clandestina. Escândalo, hipocrisia desmascarada. Excesso, abuso. Presunção, orgulho. Empreendimentos utópicos.
História e iconografia
A imagem de um homem que se precipita no vazio, do alto de uma torre, é uma das alegorias mais remotas que se conhece para representar o orgulho. Custa pouco intuir que esta metáfora – e a aniquilação celeste que a acompanha – tem filiação direta ao destino da torre de Babel. Alguns estudiosos pensam que a sua inclusão no Tarotpode ser devida a uma impressionante corroboração histórica: o processo contra os templários e a sua queda vertiginosa, contemporânea dos imagiers que compuseram o Tarot.
Mais ambígua parece ser a chuva de esferas multicolores, cuja leitura não admite outra interpretação que a da influência do “alto” (com variações, esta chuva se repete nas cartas XVIII e XIX, arcanos de evidente simbolismo sideral).
Em uma miniatura pertencente a um manuscrito da Bíblia Pauperum (1350 a 1370), vê-se que o fogo do altar é aceso por meio de uma chuva semelhante à destes três arcanos. “Celita flamma venit / Et plebis pectora lenit” ("Vem a chama celeste / E aplaca o peito do povo"), é o que diz a legenda que a acompanha, clara paráfrase do milagre concedido a Elias diante da multidão cética (I Reis 18, 38-39).
Além do nome com que figura aqui, o Arcano XVI é também conhecido como A Torre ferida pelo raio, e pelo enigmático La Maison-Dieu, que aparece no Tarô de Carlos VI, na versão de Marselha, e que Oswald Wirth aproveita no seu desenho atualizado.
O próprio Wirth, porém, não dá uma explicação satisfatória para este último nome, limitando-se a corroborar o evidente simbolismo arquitetônico da figura, que se refere ao homem por sua verticalidade; à casa e às obras que ele constrói sobre a Terra – de onde se poderia deduzir também uma parábola sutil sobre o orgulho, pelo despropósito da tentativa de imitar o Grande Arquiteto.
Em certas versões do Tarot, parcialmente conservadas, o Arcano XVI apresenta um diabo que bate um tambor. Mas sua figura é secundária porque em primeiro plano aparece a goela de um monstro, entre cujos dentes se debate um ser humano.
Isso parece indicar que o fundo simbólico desse arcano, vale dizer, as analogias que se pode estabelecer na série torre-casa-goela-vagina-gruta-caverna primordial são muito anteriores à sua representação no jogo de cartas.
Deve-se notar que este é o primeiro edifício que figura no Tarote, de longe, o mais destacado. Neste sentido é preciso agregar à série analógica proposta as seguintes indicações: toda torre é emblemática do simbolismo ascensional e na Idade Média representou freqüentemente a escala intermediária entre a Terra e o Céu.
Variações
- Em alguns Tarots, possui o nome de A CASA DE DEUS.
Links Externos
- [1] - Texto de Constantino K. Riemma.
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