Três Conselhos Úteis em Magia Prática

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Muita gente sempre pergunta “que conselhos você daria para quem quer se tornar um iniciado ou adepto?” nas colunas e normalmente eu costumo deixar passar, porque isto acabaria levando a um tópico enorme a respeito das responsabilidades e dos custos que o caminho iniciático cobra de você. A maioria das pessoas acha que Magia é aquele hocus-pocus de filmes e acredita que vai ser capaz de lançar bolas de fogo ou realizar efeitos milagrosos e fantásticos, como transformar chumbo em ouro ou criar homúnculos.

Ontem passaram-se dez anos de um dos incidentes que me impulsionou para o estudo das Ordens Esotéricas e dos caminhos da magia e, com isso, posso comentar o que ocorreu com vocês para que vocês aprendam com os erros dos outros e não precisem passar por estas coisas. Escolhi comentar no meu blog pessoal porque o Sedentário possui muito gado e aqui costumam vir apenas as pessoas realmente interessadas em estudas estes assuntos mais esotéricos. Foram acontecimentos muito impressionantes e que me convenceram de que “existia realmente alguma coisa além do que a ciência ortodoxa é capaz de explicar”.

Conselho número 1

O primeiro caso que vou contar aconteceu há uns oito ou nove anos, e diz respeito a um amigo que era delegado de polícia e ateu. Ele não acreditava em absolutamente nada de espíritos ou vida após a morte ou qualquer outra filosofia esotérica. Um dia, após ter sido baleado em um tiroteio, ele veio a falecer. Sua esposa, que era católica fervorosa, queria fazer o velório e enterro o mais rápido possível, sem deixar o resguardo recomendado pelos ocultistas. O corpo foi mandado diretamente para o IML para a autópsia. Um colega meu, da Antiga Ordo Templi Orientis, que possui uma sensibilidade absurda para estes assuntos, escutou um pedido de socorro vindo desse nosso amigo.

Durante a madrugada (a autópsia estava marcada para o dia seguinte), com o auxílio de irmãos no hospital e na polícia, conseguimos permissão para visitar o corpo no IML. Fomos em 4 magistas, todos bem experientes. E o que encontramos lá foi o seguinte:

O corpo do nosso amigo estava lá, morto, mas seu perispírito ainda estava preso a ele. Para a sua consciência, era como se ainda estivesse vivo, sentindo absolutamente tudo o que se passava ao seu redor. Sabíamos que isso, infelizmente, é mais comum do que se gostaria. Nesse caso, o corpo passa por toda a experiência de dor de ser dissecado (cortes, quebrar ossos, mexer nos músculos, órgãos, etc.). Esse trauma demora algumas encarnações para ser ultrapassado.

Foi uma madrugada complicada. Tentamos explicar o que estava acontecendo e o que iria acontecer com ele se ele mesmo não se libertasse. Mas, materialista, queria se agarrar com todas as forças àquela casca. Ele suplicava para que não o “matássemos”, que “ele estava vivo, mas seu corpo não estava se mexendo”, pedia para que chamássemos a família dele, para que confirmassem como ele “estava vivo” e por ai vai. Recusou-se terminantemente a entender que havia falecido (e, com isso, abandonar a casca morta).

Por piedade, realizamos um ritual de destruição e, através da entoação de certos mantras, fomos atravessando e destruindo cada um dos sete chakras principais até que, quando rompemos o sétimo chakra, ele finalmente foi desligado do corpo físico.

Tecnicamente poderia ser considerado magia negra, já que este tipo de ritual é usado para matar ou aleijar uma pessoa e foi realizado contra a vontade dele. Mas foi a decisão que tomamos. Até hoje não tenho muita certeza se foi certa ou errada.

Se você é ateu ou acredita que, após a morte, seu corpo vai apodrecer e ser decomposto pelos vermes, retornando ao pó, tenha um amigo ocultista ou magista sério. Mesmo se você não acreditar em nada do que ele fala… Você pode precisar dele depois que morrer.

Conselho número 2

Outra experiência marcante aconteceu durante uma das celebrações antigas de uma Ordem Inglesa thelêmica que fiz parte, uns dez anos atrás. Naquela época eu já tinha uns cinco anos de treinamento em ataques e defesas psíquicas e, por estar envolvido mais com pessoas do Caminho da Mão Esquerda, era um tanto quanto arrogante e autoconfiante demais. É o resultado do deslumbramento quando você adquire poder e conhecimento demais sem o devido preparo. Mas depois daquela noite tive uma lição de respeito aos mais velhos que nunca esqueci.

Alguns dos rituais de magia celta mais poderosos ocorrem com canalizações de entidades supra-humanas. Alguns chamam de deuses, demônios, anjos, orixás, daevas, etc… Estes rituais poderosíssimos existem desde a antiguidade e são as bases dos Hieros Gamos originais, onde o sacerdote e a sacerdotisa, incorporados, realizam o ato sexual sagrado. Mas também pode ocorrer de canalizar entidades que são os espíritos das florestas, ou anjos (em Ordens teúrgicas) ou demônios (em fraternidades satânicas) ou orixás (em terreiros de umbanda) e assim por diante… variando apenas o grau de consciência da entidade.

Como era uma data especial e eles estavam com uma série de projetos muito importantes, a entidade a ser canalizada foi alguém extremamente antigo (obviamente não vou dar o nome da entidade, mas digamos que ela era uma das 200 que aparecem no Livro de Enoch, para vocês terem uma noção… sabe aquela música “Eu nasci há 10.000 anos atrás…” do Raul? pois é…). Claro que ninguém falou isso para mim na hora, eu estou me adiantando para vocês.

No ritual, a entidade conversou com todos os magos menos comigo e com um outro frater. Eu fiquei irritado, mas não falei nada. Na minha inocência de noob, como na semana anterior estava praticando direto defesas psíquicas e círculos de proteção, achei que a entidade simplesmente não tivesse sido capaz de me enxergar (já acontecera antes, com entidades menores). Ok… você pode até pensar isso… mas, depois que acabou o ritual, não faça como eu fiz… não vá comentar com um amigo! O imbecil que vos escreve, quando um frater mencionou que a entidade não havia se dirigido a mim, disse “ah, acho que ela não estava me vendo, estou com os rituais de proteção XYZ abertos”.

Pois bem… na volta para casa, meia hora depois, estou voltando pela Radial Leste e, umas dez quadras da onde estava o templo, meu pneu simplesmente explodiu. O carro perde totalmente o controle e dá duas rodopiadas pela pista, atravessando três faixas (sem pegar nenhum carro) até eu conseguir retomar o controle do carro e parar no acostamento, com o coração saindo pela boca. Liguei para um irmão que é mecânico (também havia participado da reunião e morava ali do lado) e estava esperando por ele quando um carro estaciona do nada ali perto. Era algum bom samaritano, que parou o carro e me ajudou do nada, sem nenhuma explicação. Poderia ser só uma sorte, mas ai vem o segundo susto: a placa do carro dele tinha as letras iniciais da entidade. Fiquei esperando meu colega. Quando ele chegou, disse que seu S.A.G. (Sagrado Anjo Guardião) o havia intuído para que eu retornasse ao templo que a sacerdotisa tinha algo para me falar. Eu disse “ah, eu to cansado, foi uma noite longa, estou indo para casa. Amanhã eu falo com ela” e nesse momento, um carro que estava vindo pela pista a toda velocidade perdeu o controle e passou derrapando a centímetros da onde a gente estava, algo digno de filme. Diante destes recados, retornei ao templo. O recado que a sóror tinha para me passar é “Fulano (a entidade) pediu para avisar que, como você deve ter percebido, ele consegue te enxergar”. Isso antes de eu contar para ela o que aconteceu.

Este episódio foi o estopim para que eu começasse a pesquisar e comparar os “deuses” antigos e suas histórias: deuses caprichosos, humanos e ciumentos. Até o dia de hoje, tenho encontrado cada vez mais evidências que estes deuses realmente estiveram por ai, e que estas histórias não são exatamente “lendas”.

Sempre existe um peixe maior, especialmente nos territórios que você não conhece. Se você tem algum comentário inútil a fazer, guarde-o para você. Respeito é bom e conserva os dentes na boca.

Conselho número 3

A última história tem a ver com suas escolhas e com as pessoas que você vai encontrar e desencontrar ao longo da sua jornada iniciática. Antigamente, os magos iniciados sentiam-se impelidos a viajar sem razão aparente e, nestas viagens, conheciam outros iniciados e adeptos (na verdade, apenas os re-encontravam). Senti isso quando passei meses como mochileiro na Europa, através das pessoas que encontrava nos albergues, nos museus e em monumentos. Vindos de países diferentes, com idades diferentes, todos estavam rigorosamente no local deviam estar e no momento em que deveriam estar lá (uma vez compreendida através dos estudos da kabbalah, a sincronicidade é algo que é manipulada ao bel prazer dos ocultistas… mas isso nem é tão impressionante assim… um dia conto a respeito da história do Grão Mestre de uma ordem templária secreta que eu procurava a ANOS que sentou na poltrona do meu lado em um vôo de Porto Alegre para São Paulo).

Mas, se antigamente os iniciados conseguiam se encontrar através de suas sensibilidades, com a Internet, os magos foram capazes de quebrar este paradigma. Com a comunicação imediata, a probabilidade de se encontrar almas afins aumentou exponencialmente. Esta história tem a ver com isso.

Garoto conhece garota: identificação total à primeira vista. O casal perfeito, com entrosamento nos 4 elementos (espiritual, emocional, mental e físico). O que um sentia, a outra sentia. Mas óbvio que não seria tão fácil assim, certo? Só faltou dizer que, nesta encarnação, ela mora do outro lado do planeta, e eu estou preso à duzentos mil compromissos entre São Paulo e Londres. O trampo que ela desenvolve é de extrema importância no lugar onde ela trabalha, além de outros compromissos mundanos, e nenhum dos dois pode abandonar o que se propôs a fazer. Nem agora e nem no futuro.

Depois de uns meses, chegou um momento onde tivemos de decidir que a distância e a falta de contato físico estava fazendo mal para os dois. E nos separamos.

O trabalho de um adepto é solitário. Compromissos, estudos, reuniões, horários apertados e muita coisa para estudar, praticar e debater. Ser um ocultista demanda tanto trabalho quanto ser um profissional em outras áreas. Ou como um amigo costuma dizer, um atleta de artes marciais. Fazendo um paralelo, você pode ser um atleta de fim de semana, tocar a sua vida e caminhar no parque… ou você pode querer participar das olimpíadas. Tudo demanda dedicação.

Esteja pronto para perder amigos, amores e amantes, especialmente se eles forem profanos, pois eles muitas vezes não terão capacidade para entender o que você está fazendo. Normalmente as pessoas que mais terão afinidades mágicas com você serão as que estão mais distantes fisicamente (e assim deveria ser, pois a função disto é espalhar o conhecimento, não concentrá-lo). Os deuses têm um estranho senso de humor.