Austin Osman Spare

From Wiki
Revision as of 13:38, 28 May 2010 by Deldebbio (talk | contribs) (Created page with 'right|200px|thumb|Austin Osman Spare Austin Osman Spare (30 de dezembro de 1886 - 15 de Maio de 1956) foi um artista inglês que desenvolveu div…')
(diff) ← Older revision | Latest revision (diff) | Newer revision → (diff)
Jump to navigationJump to search
Austin Osman Spare

Austin Osman Spare (30 de dezembro de 1886 - 15 de Maio de 1956) foi um artista inglês que desenvolveu diversas técnicas mágicas, incluindo a escrita automática , desenho automático e sigilização baseado em suas teorias sobre a relação entre o subconsciente e consciente. Seu trabalho artístico é caracterizado por desenhos complexos, exibindo um domínio completo da utilização da linha e, muitas vezes emprega figuras monstruosas, mágicas e sexuais.

Biografia

Spare nasceu em Snow Hill, perto de Smithfield Market, em Londres, em 30 de Dezembro de 1886. Filho de Philip Newton Spare, um policial da cidade de Londres, que se aposentou após 25 anos de serviço, e Eliza Ann Adelaide Osman. Ele foi o quinto dos seis filhos do casal.

De acordo com a sua mãe, Spare começou a mostrar sinais de seu talento (e de sua falta de interesse em vender o seu trabalho) com os quatro anos de idade. Os pais de Spare o matricularam na Escola de Artes de Lambeth em 1899, onde ele desenvolveu seus talentos sob a supervisão de Phillip Connard. Aos 14 anos, um de seus desenhos foi escolhido para ser incluído na sessão britânica da Exibição Internacional de Paris. Aos 15, ele largou a escola e passou a trabalhar criando pôsteres e fazendo outros tipos de arte comercial. Seu trabalho com vidro jateado lhe garantiu uma recomendação para estudar no Royal College of Art. Com apenas 17 anos de idade, Spare teve um de seus trabalhos exibidos na Academia Real.

Durante toda a sua vida, Spare realizou uma busca espiritual. Essa procura surgiu bem cedo, do contato que Spare teve com uma velha mulher, supostamente descendente de uma linhagem das bruxas de Salem que os inquisidores falharam em exterminar. Ele se dirigia a ela de forma carinhosa, como sua segunda mãe, muito embora a chamasse de sra. Peterson quando a mencionava em suas obras. O mago dizia que através de seus ensinamentos havia conseguido ultrapassar a compreensão que se tinha da verdadeira magia na época. Segundo seus relatos, a sra. Peterson possuía poderes que raríssimas pessoas desenvolvem durante a vida - poderes que a ioga tradicional chama de siddhis. Devido a sua pobre educação, ela possuía um vocabulário restrito, que geralmente se limitava ao básico. Porém, quando procurada para fazer previsões e não tinha palavras para descrever o que estava vendo, ela simplesmente materializava o objeto em um canto da sala. Isso aumentou ainda mais o interesse de Spare pelo oculto, motivando-o a buscar um sistema mágico que permitisse a realização de tais feitos.

Esse interesse já existia desde sua adolescência, quando ele usava um processo denominado "sigilos" - símbolos, grafismos ou mantras que o permitiam dominar forças mágicas, elementais e outras energias mais sutis.

Com isso, Spare podia influenciar fenômenos naturais e uma série de outros acontecimentos. Esse fato é lembrado pelo poeta Yeats em seu O Tremor do Véu, no qual descreve como o mago desenhava os eventos que desejava ver realizados. Na época, esse procedimento era chamado "magia instintiva" .

Com 17 anos, Austin Spare demonstrou seu controle sobre esse tipo de magia usando "sigilos" para provocar uma intensa chuva em um dia ensolarado, a pedido do reverendo Robert Benson, escritor de textos e novelas de cunho místico. Outros eventos considerados estranhos ocorreram quando, a convite de Benson, Spare realizou um teste com Everard Fielding, secretário da Sociedade de Pesquisas Psíquicas. Nesse teste, o mago provocou, por meio dos seus "sigilos", a realização do desejo de Fielding, que ficou extremamente impressionado com os poderes demonstrados.

Em Outubro de 1907, uma de suas grandes exibições na galeria Bruton, em Londres, era tão voltada para o esotérico, bizarro e grotesco que acabou chamando a atenção de toda a nata intelectual inglesa e, eventualmente, Aleister Crowley, o famoso mago e poeta. Os dois começaram a se corresponder e Spare tornou-se membro da Astrum Argentum, Ordem fundada por Aleister Crowley e Cecil Jones. Spare passou a contribuir com desenhos para ilustrar o periódico chamado "Equinox".

Apesar da amizade entre os dois, a parceria entre os dois magos não durou muito, pois Spare detestava a magia ritualística, cerimonial e estruturada, deixando a Astrum Argentum pouco tempo depois. Em 1913 publica o livro "The Book of Pleasure", trazendo inspirações do budismo e taoísmo, dentro de suas visões peculiares sobre o esoterismo.

Em 1936, um membro da embaixada alemã comprou um de seus desenhos e o enviou a Adolf Hitler, que adorou o traço de Spare e queria que o artista fosse até a Alemanha para fazer uma série de retrados dele, mas Spare se negou.

Austin chegou a trabalhar como artista de guerra, retratando a situação médica dos campos de batalha - algo de acordo com os parâmetros que nortearam seus quadros, repletos de imagens de morte, dor e prazer. As pinturas e desenhos sempre revelavam mais do que simples traços e representações, mostrando seu empenho em descobrir e praticar uma forma diferenciada de magia, na qual a sexualidade e o mundo dos espíritos se entrecruzavam.

Além disso, o feiticeiro também foi um precursor dos desenhos e escritas automáticos, mas de forma diferenciada ao que vemos hoje em diversos círculos místicos nos quais entidades são canalizadas: seu sistema antecipava o movimento surrealista como técnica literária e artística. Sua obra foi influenciada por pensadores como Nietzsche (1844-1900) e Hans Vaihinger (1852-1933).

Em 1941, Uma explosão destruiu seu apartamento, ateliê e causou muitos danos ao seu corpo. Por 3 anos, Spare lutou para conseguir utilizar seus braços novamente, até 1946, quando finalmente conseguiu voltar a pintar. Spare morreu em Londres, em 15 de Maio de 1956 aos 69 anos de idade.

Magia do Caos

Spare desenvolveu o uso de sigils (não confundir com Sigilo Pessoal), e técnicas envolvendo estados de êxtase para dar poder a estes sigilos. Spare também foi pioneiro no desenvolvimento de um "alfabeto sagrado pessoal", e, sendo um artista plástico talentoso, usou imagens como parte de sua técnica de magia. A maior parte dos trabalhos recentes em sigilos remete ao trabalho de Spare: a construção de uma frase detalhando o intento mágico, seguida da eliminação de letras repetidas e a recombinação artística (normalmente simétrica) das letras restantes em uma só imagem formando o sigilo.

Seguindo sua própria filosofia, e ao contrário de Crowley, Spare nunca almejou ser adorado pelos que o seguiriam com o sistema zoskia, algo que o diferencia da grande maioria dos grandes magos do século 20. Embora ele não tenha originado o termo, e talvez não aprovasse o mesmo, hoje ele é visto como o primeiro Magista do Caos.