III – Intervenção de Deus nas Penas e Recompensas

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963. Deus se ocupa pessoalmente de cada homem? Não é ele demasiadamente grande e nós muito pequenos, para que cada indivíduo em particular tenha aos seus olhos alguma importância?

— Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é demasiado pequeno para a sua bondade.

964. Deus tem a necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou nos punir? A maioria desses atos não são para ele insignificantes?

— Deus tem as suas leis, que regulam todas as vossas ações. Se as violardes, a culpa é vossa. Sem dúvida, quando o homem comete um excesso, Deus não estende um julgamento para ele, dizendo-lhe, por exemplo: Tu és um glutão e eu te vou punir. Mas ele traçou um limite; as doenças e por vezes a morte são conseqüências dos excessos: eis a punição; ela resulta da infração da lei. Assim se passa em tudo.


Comentário de Kardec: Todas as nossas ações são submetidas às leis de Deus; não há nenhuma delas, por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser uma violação dessas leis. Se sofremos as conseqüências dessa violação, não nos devemos queixar senão de nós mesmos, que nos fazemos, assim, os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura.

Essa verdade se torna sensível pelo seguinte apólogo:

“Um pai dá ao seu filho a educação e a instrução, ou seja, os meios para saber conduzir-se. Cede-lhe um campo para cultivar e lhe diz: Eis a regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar fértil o campo e assegurara tua existência. Dei-te a instrução para compreenderes essa regra. Se a seguires, o campo produzirá bastante e te proporcionará o repouso na velhice; se não a seguires, nada produzirá, e morrerás de fome. Dito isso, deixa-o agir á vontade.”

Não é verdade que o campo produzirá na razão dos cuidados que se dispensar à cultura e que toda negligência redundará em prejuízo da colheita? O filho será, portanto, na velhice, feliz ou infeliz, segundo tenha seguido ou negligenciado a regra traçada pelo pai. Deus é ainda mais previdente, porque nos adverte a cada instante, se fazemos o bem ou o mal. Envia-nos Espíritos que nos inspiram, mas não os escutamos. Há ainda esta diferença: Deus dá ao homem um recurso, por meio das novas existências, para reparar os seus erros do passado, ao passo que o filho de que falamos não o terá, se empregar mal o seu tempo.


Capítulo II

I – O Nada – A Vida Futura, II – Intuição das Penas e dos Gozos Futuros, III – Intervenção de Deus nas Penas e Recompensas, IV – Natureza das Penas e Gozos Futuros, V – Penas Temporais, VI – Expiação e Arrependimento, VII – Duração das Penas Futuras, VIII – Ressurreição da Carne, IX – Paraíso, Inferno, Purgatório, Paraíso Perdido