Conhecimento Exotérico e Esotérico

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Exotérico e Esotérico

Existem duas espécies de conhecimento: exotérico e esotérico.

Vejamos o que significam estes termos. Segundo os dicionários, “Exotérico” vem do grego exoterikós e refere-se ao ensinamento que em escolas da Antiguidade grega era transmitido ao público sem restrições, por tratar-se de ensinamento dialético, provável e verossímil.


“Esotérico” vem do grego esoterikós e refere-se ao ensinamento que era reservado aos discípulos completamente instruídos nas escolas filosóficas da Antiguidade. Por extensão, todo ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes.

Em filosofia, diz-se dos ensinamentos ligados ao ocultismo.

Como vemos, o conhecimento exotérico diz respeito basicamente ao mundo dos fenômenos. É o conhecimento aprendido e acumulado pela raça humana, no mundo físico em que habita. É o conhecimento deste mundo físico, do meio ambiente mais imediato, da adaptação física ao mundo; é o conhecimento das leis que parecem se manifestar, como o movimento dos objetos no espaço, as marés, as mudanças de estações, a gravidade e inúmeras outras.


Por outro lado, todo o conhecimento que não pode ser isolado, confinado, ou descrito em termos de fenômenos físicos, é classificado como conhecimento esotérico.


Para aqueles que aceitam uma filosofia idealística, o conhecimento esotérico é um fato e as verdadeiras realidades do universo estão compreendidas no âmbito deste conhecimento. No entanto, é impossível encontrar prova ou confirmação da existência de qualquer forma de conhecimento esotérico, no mundo físico. Uma tal prova ou confirmação deve, necessariamente, provir de uma condição que transcende o físico. A validade deste conhecimento, segundo o idealista, e segundo os princípios da filosofia templária, depende de sua concordância ou conformação com o Absoluto.


O conhecimento exotérico ou conhecimento do mundo exterior é aquele que percebemos através dos sentidos físicos. Podemos ver, tocar, ouvir, provar pelo paladar e cheirar as coisas que formam o mundo que nos cerca. No entanto, se fizéssemos uma analise técnica da epistemologia, que é a ciência da natureza e validade do conhecimento, poderíamos levantar sérias dúvidas sobre a percepção do mundo real pelo homem. Será que percebemos realmente o mundo material, ou percebemos apenas impressões dele?


O âmbito deste discurso não nos permite tocar, senão de leve, neste assunto. Sabemos, por exemplo, que ao cheirarmos uma rosa, recebemos uma certa impressão; mas será esta impressão proveniente da própria rosa ou será ela resultante de certas reações químicas que ocorrem quando a rosa é aproximada à nossa faculdade sensorial do olfato? Cheiramos a rosa ou cheiramos a alteração química do ar causada pela rosa?


Desenvolvemos nossas atividades no mundo físico e, por isso, acreditamos que percebemos de maneira essencialmente correta aquilo que realmente existe. Percebemos os objetos substancialmente como são, e a razão de assim acreditarmos é o fato de podermos lidar com eles, até certo ponto. Por conseguinte, nosso mundo de atualidade está relacionado com o nosso mundo de pensamento, pelos canais dos sentidos físicos.


Como decorrência de nossas percepções sensoriais, capacitamo-nos a tirar conclusões, em nossa consciência, sobre a existência, uso e aplicação que fazemos das coisas exteriores. A faculdade da percepção sensorial física, portanto, é o canal que nos une ao conhecimento exotérico, na qualidade de entidades pensantes.


O conhecimento esotérico, por sua vez, não pode ser percebido ou apreendido por meio dos sentidos físicos. Além disso, sabemos que o homem não se apercebe do conhecimento esotérico exclusivamente pelos processos da razão; a associação de ideias, embora seja um processo, uma faculdade do homem, com existência potencial em sua mente, não é, em si mesma, uma função criadora suficiente para produzir conhecimento novo.


A razão consiste na ordenação de uma sequência correta, ou o arranjo, numa certa forma, de conhecimentos obtidos pelos sentidos físicos. Isso nos leva a buscar uma outra fonte, caso desejemos obter conhecimento esotérico.


Esta fonte é a intuição. Em geral, considera-se a intuição como um meio direto, imediato e seguro de obter o conhecimento que dispensa tanto o fator dedução lógica, que está presente na razão, como o fator observação sensorial, associado com as nossas experiências do dia-a-dia. O conhecimento intuitivo existe fora do mundo dos fenômenos, devendo ser obtido por um meio capaz de transcender qualquer limitação física.


Um garoto preferiu jogar futebol em vez de ir à Escola Dominical. Quando voltou para casa, ficou surpreso ao encontrar sua mãe preocupada por ele não ter comparecido à escola. Sua mãe tivera um pressentimento, uma ideia, de que o garoto não fora à Escola, sem que nenhum sentido físico estivesse envolvido nesse pressentimento. A partir daquele dia, o garoto passou a olhar com muito respeito a forma de conhecimento chamada intuição.


Parece-nos inútil negar a existência deste tipo de conhecimento. Ocorrem continuamente inúmeros exemplos que confirmam sua existência, incontáveis experiências em que as pessoas adquiriram um conhecimento não originado do funcionamento dos sentidos físicos.


Aprendemos muitas coisas pelo meio direto e imediato da intuição, por se tratar de uma forma de percepção, um processo no qual o conhecimento vem à consciência diretamente e, com certeza, é opinião de muitos que tal conhecimento existe e chega à nossa consciência através de um sexto sentido.


Muitos psicólogos concordarão com o fato de que muitas pessoas recebem a solução de um problema por inspiração. Mas eles tendem a negar que esta percepção constitui prova suficiente da existência de uma faculdade intuitiva especial, mesmo não podendo negar o fato de que o conhecimento inspirado veio realmente à consciência.


Há uma relação íntima entre intuição e misticismo. Visto que o misticismo é a base fundamental da filosofia templária, devemos sempre, em última análise, correlacionar qualquer princípio que consideramos como filosofia com o conceito básico do misticismo.


A intuição, que conforme sabemos, funciona em diferentes tipos de situações cognitivas, é, em seu significado geral, aquilo que diz respeito ao súbito sentimento que uma pessoa tem de um certo conhecimento, para o qual não há nenhuma prova aparente, além do poder que a convicção estabeleceu no interior da consciência.


Muitos exemplos da função da intuição ocorreram com notáveis figuras históricas, por meio de visões, iluminação interior, vozes interiores e outras experiências deste gênero. Comumente, essa intuição tem o efeito de transformar repentinamente os conceitos metafísicos, morais e religiosos da pessoa. Em muitos casos, esses incidentes provocaram uma completa reorganização de toda a vida. Em todas as épocas e lugares, incidentes desta natureza têm sido experimentados por muitas pessoas.


Em um famoso trecho de “O Simpósio”, afirma Platão que, após tentar laboriosamente ascender ao reino de ideias que existe no Absoluto, pela disciplina de várias formas terrenas de existência, tornou-se capaz de alcançar uma visão da beleza eterna que transcende toda a beleza física.


Sócrates e Joana D’Arc, muito diferentes em suas crenças, cultura, época e lugar onde viveram, ouviram vozes interiores em momentos críticos da vida, e encontraram um caminho para a realidade através do conhecimento assim revelado. São Paulo teve uma visão na estrada para Damasco que o transformou, de perseguidor da cristandade, em seu melhor defensor.


Estas formas de intuição caracterizam a maneira como o conhecimento está relacionado com a experiência mística.


Qualquer um de nós pode experimentar a intuição, e efetivamente nós a experimentamos, em muitas e diferentes situações da vida. Os exemplos históricos foram dados apenas como ilustração, pois a intuição é um fenômeno universal e nos permite resolver os mais variados problemas, além de nos dotar do conhecimento esotérico que nos eleva e refina.


O místico é a pessoa capaz de elevar sua consciência ao ponto em que transcende o mundo físico em que vive, a ilusão do mundo, e alcança a percepção de que existe uma realidade divina com a qual pode sentir-se uno. Para o místico, o conhecimento consiste na capacidade de perceber o Absoluto, de se relacionar com Deus, de se elevar acima das limitações do mundo dos fenômenos físicos e entrar em contato, individualmente, com o reino do conhecimento esotérico.


Entre o conhecimento exotérico e esotérico, qual o mais importante? Em certo ponto, é mais importante obtermos o conhecimento esotérico. Não podemos esquecer, entretanto, que estamos destinados a viver num mundo físico e alcançar a compreensão dos princípios que o regem. O universo não foi criado por Deus para divertimento e espanto de Suas criaturas. O agnóstico pode reconhecer que existe uma realidade e ao mesmo tempo afirmar que o homem nunca poderá conhecê-la.


Há um véu, entre o homem, em seu estado atual, e Deus; esse véu, porém, pode ser levantado, o santuário pode ser visitado, o incognoscível pode se tornar cognoscível. O caminho para o incognoscível desenvolve-se pelo conhecimento. É por meio da ilusão daquilo que parece ser a realidade que podem nos aproximar do conhecimento da verdadeira realidade, e apreendê-la. O homem não passa de um espelho do universo, um pequeno mundo no interior do grande mundo. Mas mesmo este pequeno mundo faz parte integrante da realidade e de tudo aquilo que a criou.


Se aceitarmos a existência do conhecimento esotérico e o ponto de vista da filosofia idealística proposta pelos templários, compreendemos que somos entidades existentes no interior de um mundo físico, lutando para nos libertar dele para alcançar a completa e final fusão com o Real. Para a pessoa comum, que não costuma pensar, pode parecer que tudo seja realidade e ilusão.Ou seja, ela tende a presumir que tudo que pode perceber é realidade e tudo mais é ilusão. Essa pessoa pode presumir que apoia um conceito religioso ou uma filosofia básica, mas na verdade acredita que tudo que não pode ser comprovado fisicamente pertence puramente ao mundo da ilusão.


Este conceito será invertido para a pessoa que verdadeiramente busque o conhecimento esotérico. Ela verificará que vivemos num mundo de ilusão (que todo o mundo físico existe apenas como instrumento incidental, um lugar incidental de ação). Em nossa vida, lembramos com prazer ou mágoa uma paisagem, uma cidade, uma ocasião, dependendo da impressão que nos tenham causado. Talvez nunca vejamos novamente aquele lugar, que foi um incidente isolado na experiência global de nossa vida. Do mesmo modo, cada vida terrena que experimentamos será como um incidente isolado na totalidade da nossa existência, quando alcançarmos o ponto em que poderemos olhar para trás e examinar o propósito de nosso ser individual. Graças às nossas experiências nessas vidas terrenas isoladas, teremos experimentado o que é real e o que é ilusório, e entrado em completa e final associação com o Real. Somos a essência da totalidade dessas vidas.


Portanto, a totalidade da existência inclui o bem e o mal, a luz e as trevas, o exotérico e o esotérico, o material e o espiritual. Todas estas coisas dizem respeito ao mundo dos fenômenos. Deus é a força que se infunde em tudo isso; Ele está em tudo e a tudo transcende. Se podemos chamar esta manifestação de substância da existência, natureza do Absoluto, então podemos compreender que Deus é a existência de todas as coisas. Ele é Luz Absoluta, e transcende o oceano de ilusão que constitui o mundo em que vivemos.


Com este ponto de vista em mente, parece impossível contestar a existência da alma, que é um conceito puramente esotérico. O fato de haver ou não uma vida após a morte, não é importante; existe prova da continuidade do Ser e por isso é lógico admitir a continuidade da vida. Quaisquer que sejam os imensos períodos de tempo a se estenderem diante da alma, em suas jornadas por muitas experiências físicas e seus muitos corpos físicos, existe ao mesmo tempo uma consciência a se ampliar constantemente, uma visão a se expandir infindavelmente, que tem por fim a final integração com o Absoluto.


A imortalidade é a única existência de que estamos conscientes. É um outro nome para a existência total e inclui o passado, o presente e o futuro. Toda a vida, tal como compreendida na imortalidade, pode verdadeiramente proporcionar maravilhosas experiências. Agora, ou no futuro, a verdade e os ideais podem ser apreendidos. Estes são os valores reais, que podem se tornar conhecidos para o homem através dos sentidos físicos e da intuição, ou seja, exotérica e esotericamente. Eles existem eternamente. Nada é destruído; a ideia de total destruição de uma consciência individual pode ser abandonada.


O universo, com tudo que contém, deverá ser finalmente reabsorvido por Deus, de onde emanou, mais enriquecido, de um modo misterioso, para sua existência em termos de tempo e espaço.


A gota que cai no oceano não se perde, apenas torna-se unificada com sua fonte. Podemos facilmente compreender que as possibilidades que se abrem ante a alma confinada neste universo de ilusão podem incluir muitas experiências de fantástica beleza. Podemos nos sentir seguros de que as experiências reservadas para a alma, quando a realidade tiver sido completamente compreendida, deverão ser indizivelmente mais gloriosas.


Por meio do conhecimento exotérico, compreendemos o mundo dos fenômenos. Por meio do conhecimento esotérico, intuitivo, espiritual, emocional e místico compreendemos, cada vez mais, os mistérios do reino da Realidade Absoluta, e dele nos aproximamos e nele mitigamos a nossa sede intrínseca de perfeição.


MENTES E CORAÇÕES ABERTOS

Há séculos, mentes inquiridoras têm demonstrado seu interesse sobre o significado da vida. O reconhecimento de que ela, a vida, não consiste apenas em comer, beber, dormir, em sexo e em posses. Mas o que é esse significado? Podemos algum dia encontrá-lo? As muitas perguntas sem respostas tornam o homem um ser que busca. Buscar significa “questionar”, abandonar todas as posturas rígidas, tornar-se flexível, fazer uma abertura interior para acolher, sem preconceitos, ideias novas e inusitadas.


É difícil satisfazer essa exigência de abertura mental, mais do que normalmente se pensa. Facilmente sucumbimos à tendência de fixação no conhecido e no habitual. Tudo o que é o novo desencadeia medo e mobiliza os mecanismos de defesa. Assim, muitos pensamentos e afirmações provocarão alguma resistência. Ninguém abandona com facilidade os seus queridos clichês e convicções para substituí-los por critérios novos. Contudo, é isso o que temos que fazer: abrir nossa mente, nosso espírito, colocar para baixo nossas defesas, se quisermos que a evolução e a expansão da consciência seja um objetivo a ser alcançado.