Hércules – Herakles: Difference between revisions

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Esta figura, protótipo do herói triunfante, do homem que através de uma série de esforços e aventuras consegue "divinizar-se", ou melhor, retornar a suas origens divinas (já que é filho de Zeus-Júpiter), é talvez a mais importante e exemplificadora da Antigüidade greco-latina. Sua simbólica inclui não só os doze famosos trabalhos e provas em que deve realizar as exigências de Hera-Juno, a contraparte feminina de Zeus-Júpiter (este último, símbolo do espírito fecundador), senão igualmente uma série de fabulosas vitórias que correm casadas com suas nutridas fraquezas. Esta oposição entre as energias masculinas, celestes e espirituais, e as femininas, terrestres e materiais, prefiguradas pelo casal olímpico Zeus-Hera (Júpiter-Juno para os romanos), marcará a vida de Heracles-Hércules, nascido humano e que, por meio dos combates purificadores de toda sua existência, é recebido no Olimpo como o filho preferido de seu Pai celestial, em razão do continuado sacrifício mediante o qual não só venceu a inumeráveis inimigos externos, senão que pôde sair vitorioso dos combates internos contra suas indefinidas tendências para a densidade, reflexo de seus inumeráveis egos, antes de aceder ao conhecimento e à paz, emblemas da imortalidade da alma e da vida eterna que finalmente consegue por seu espírito combativo, sublimado pela busca constante do Espírito e da Verdade, através de um percurso limitado por erros, retificações e conquistas.
Esta figura, protótipo do herói triunfante, do homem que através de uma série de esforços e aventuras consegue "divinizar-se", ou melhor, retornar a suas origens divinas (já que é filho de Zeus-Júpiter), é talvez a mais importante e exemplificadora da Antigüidade greco-latina. Sua simbólica inclui não só os doze famosos trabalhos e provas em que deve realizar as exigências de [[Hera]]-[[Juno]], a contraparte feminina de [[Zeus]]-[[Júpiter]] (este último, símbolo do espírito fecundador), senão igualmente uma série de fabulosas vitórias que correm casadas com suas nutridas fraquezas. Esta oposição entre as energias masculinas, celestes e espirituais, e as femininas, terrestres e materiais, prefiguradas pelo casal olímpico [[Zeus]]-[[Hera]] ([[Júpiter]]-[[Juno]] para os romanos), marcará a vida de ''Heracles-Hércules'', nascido humano e que, por meio dos combates purificadores de toda sua existência, é recebido no [[Olimpo]] como o filho preferido de seu Pai celestial, em razão do continuado sacrifício mediante o qual não só venceu a inumeráveis inimigos externos, senão que pôde sair vitorioso dos combates internos contra suas indefinidas tendências para a densidade, reflexo de seus inumeráveis egos, antes de aceder ao conhecimento e à paz, emblemas da imortalidade da alma e da vida eterna que finalmente consegue por seu espírito combativo, sublimado pela busca constante do [[Espírito]] e da Verdade, através de um percurso limitado por erros, retificações e conquistas.






Narrar os trabalhos, façanhas e aventuras deste herói levaria pelo menos um volume. Limitar-nos-emos a dar aos leitores alguns dos elementos da rica simbólica deste personagem mítico, lembrando que todos seus infortúnios e quedas são provocados por Hera, imagem de seus impulsos destruidores e descendentes, já que esta divindade lhe amaldiçoou pelo fato de ser filho de seu esposo Zeus (o espírito ascendente), que lhe foi infiel ao procriar a Heracles fora de seu olímpico casamento, razão pela qual o herói humano deve ser objeto de sua vingança e sua nefasta influência. É importante lembrar que o nome Heracles significa "a glória de Hera". Assinalaremos que todos estes "trabalhos" ou combates têm o discurso de um poema continuado e se referem à purificação do espírito graças à vitória sobre os escuros impulsos "materiais", ou seja, entre a oposição e a complementação do mais sutil e do mais denso.  
Narrar os trabalhos, façanhas e aventuras deste herói levaria pelo menos um volume. Limitar-nos-emos a dar aos leitores alguns dos elementos da rica simbólica deste personagem mítico, lembrando que todos seus infortúnios e quedas são provocados por [[Hera]], imagem de seus impulsos destruidores e descendentes, já que esta divindade lhe amaldiçoou pelo fato de ser filho de seu esposo [[Zeus]] (o espírito ascendente), que lhe foi infiel ao procriar a Heracles fora de seu olímpico casamento, razão pela qual o herói humano deve ser objeto de sua vingança e sua nefasta influência. É importante lembrar que o nome Heracles significa "a glória de [[Hera]]". Assinalaremos que todos estes "trabalhos" ou combates têm o discurso de um poema continuado e se referem à purificação do espírito graças à vitória sobre os escuros impulsos "materiais", ou seja, entre a oposição e a complementação do mais sutil e do mais denso.  






Em suas primeiras ações Heracles domina o javali de Erimanto, vence ao touro de Creta e afoga ao leão de Nemea. Todos estes animais simbolizam as forças vivas das paixões, às quais o herói deve se impor sem as negar, já que as deve enfrentar como obstáculos em seu caminho. Igualmente subjuga a rainha das amazonas, ou seja, a sua parte passiva e escura, um de seus egos inestáveis. Também mata a hidra de Lerna, imagem desses egos serpentinos aos que é quase impossível cortar a cabeça, trabalho que se lhe facilita por ter anteriormente limpado do esterco as cavalariças de Augias. Logo, impor-se-á sobre o gigante Gerião e sobre Anteu e Diomedes, símbolos da bestialidade e do antiespiritual, e pode assim caçar os emissários celestes, os pássaros do lago de Estinfalo, o que lhe permitirá obter vivo ao veado dos pés de bronze, imagem da ligeireza, leveza e rapidez. Finalmente, chega ao jardim das Hespérides, onde obtém o fruto áureo de seus esforços, o que lhe facilita dominar o cachorro-monstro de três cabeças, Cérbero, guardião do Tártaro (como o dragão em outras tradições), último de seus obstáculos no caminho da reintegração ao Si Mesmo.
Em suas primeiras ações Heracles domina o [[Javali de Erimanto]], vence ao [[Touro de Creta]] e afoga ao [[Leão de Nemea]]. Todos estes animais simbolizam as forças vivas das paixões, às quais o herói deve se impor sem as negar, já que as deve enfrentar como obstáculos em seu caminho. Igualmente subjuga a rainha das [[Amazonas]], ou seja, a sua parte passiva e escura, um de seus egos inestáveis. Também mata a [[Hidra de Lerna]], imagem desses egos serpentinos aos que é quase impossível cortar a cabeça, trabalho que se lhe facilita por ter anteriormente limpado do esterco as cavalariças de [[Augias]]. Logo, impor-se-á sobre o gigante [[Gerião]] e sobre [[Anteu]] e [[Diomedes]], símbolos da bestialidade e do antiespiritual, e pode assim caçar os emissários celestes, os pássaros do lago de [[Estinfalo]], o que lhe permitirá obter vivo ao veado dos pés de bronze, imagem da ligeireza, leveza e rapidez. Finalmente, chega ao jardim das [[Hespérides]], onde obtém o fruto áureo de seus esforços, o que lhe facilita dominar o cachorro-monstro de três cabeças, [[Cérbero]], guardião do [[Tártaro]] (como o dragão em outras tradições), último de seus obstáculos no caminho da reintegração ao Si Mesmo.


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Latest revision as of 12:34, 10 November 2010


Esta figura, protótipo do herói triunfante, do homem que através de uma série de esforços e aventuras consegue "divinizar-se", ou melhor, retornar a suas origens divinas (já que é filho de Zeus-Júpiter), é talvez a mais importante e exemplificadora da Antigüidade greco-latina. Sua simbólica inclui não só os doze famosos trabalhos e provas em que deve realizar as exigências de Hera-Juno, a contraparte feminina de Zeus-Júpiter (este último, símbolo do espírito fecundador), senão igualmente uma série de fabulosas vitórias que correm casadas com suas nutridas fraquezas. Esta oposição entre as energias masculinas, celestes e espirituais, e as femininas, terrestres e materiais, prefiguradas pelo casal olímpico Zeus-Hera (Júpiter-Juno para os romanos), marcará a vida de Heracles-Hércules, nascido humano e que, por meio dos combates purificadores de toda sua existência, é recebido no Olimpo como o filho preferido de seu Pai celestial, em razão do continuado sacrifício mediante o qual não só venceu a inumeráveis inimigos externos, senão que pôde sair vitorioso dos combates internos contra suas indefinidas tendências para a densidade, reflexo de seus inumeráveis egos, antes de aceder ao conhecimento e à paz, emblemas da imortalidade da alma e da vida eterna que finalmente consegue por seu espírito combativo, sublimado pela busca constante do Espírito e da Verdade, através de um percurso limitado por erros, retificações e conquistas.


Narrar os trabalhos, façanhas e aventuras deste herói levaria pelo menos um volume. Limitar-nos-emos a dar aos leitores alguns dos elementos da rica simbólica deste personagem mítico, lembrando que todos seus infortúnios e quedas são provocados por Hera, imagem de seus impulsos destruidores e descendentes, já que esta divindade lhe amaldiçoou pelo fato de ser filho de seu esposo Zeus (o espírito ascendente), que lhe foi infiel ao procriar a Heracles fora de seu olímpico casamento, razão pela qual o herói humano deve ser objeto de sua vingança e sua nefasta influência. É importante lembrar que o nome Heracles significa "a glória de Hera". Assinalaremos que todos estes "trabalhos" ou combates têm o discurso de um poema continuado e se referem à purificação do espírito graças à vitória sobre os escuros impulsos "materiais", ou seja, entre a oposição e a complementação do mais sutil e do mais denso.


Em suas primeiras ações Heracles domina o Javali de Erimanto, vence ao Touro de Creta e afoga ao Leão de Nemea. Todos estes animais simbolizam as forças vivas das paixões, às quais o herói deve se impor sem as negar, já que as deve enfrentar como obstáculos em seu caminho. Igualmente subjuga a rainha das Amazonas, ou seja, a sua parte passiva e escura, um de seus egos inestáveis. Também mata a Hidra de Lerna, imagem desses egos serpentinos aos que é quase impossível cortar a cabeça, trabalho que se lhe facilita por ter anteriormente limpado do esterco as cavalariças de Augias. Logo, impor-se-á sobre o gigante Gerião e sobre Anteu e Diomedes, símbolos da bestialidade e do antiespiritual, e pode assim caçar os emissários celestes, os pássaros do lago de Estinfalo, o que lhe permitirá obter vivo ao veado dos pés de bronze, imagem da ligeireza, leveza e rapidez. Finalmente, chega ao jardim das Hespérides, onde obtém o fruto áureo de seus esforços, o que lhe facilita dominar o cachorro-monstro de três cabeças, Cérbero, guardião do Tártaro (como o dragão em outras tradições), último de seus obstáculos no caminho da reintegração ao Si Mesmo.