Harry Potter e as Núpcias Alquímicas

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Esta semana, vou citar alguns pontos interessantes de comparação entre o Castelo de Hogwarts e o Castelo “Casa do Sol”, que representa Tiferet, o coração dos iniciados, nos textos de alquimia clássica. Sim, o tio Marcelo é fã do Harry potter. Acredito que qualquer escritor ou escritora que faça uma criança de 12 anos ler 3.600 páginas de texto merece ser a mulher mais rica da Inglaterra. Além disso, HP está recheado de citações de ocultismo que passam despercebidas para os olhos dos leigos.

Um destes casos é o fantástico livro “As Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz” (Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz), escrito em 1614 e utilizado na iniciação de algumas ordens rosa-cruzes, que serviu de modelo para o Castelo de Hogwarts.

As Núpcias Alquímicas

As Núpcias Químicas é um dos símbolos arquétipos da transformação alquímica. Existem muitos trabalhos sobre esse assunto por muitos ocultistas, místicos e autores posteriores. Manly Hall até mesmo dedicou um capítulo inteiro a esse livro em seu famoso livro “Secret Teaching of All Ages” (O Ensino Secreto de Todas as Eras). As Núpcias Químicas representam a união da pessoa, o espírito e a sociedade.

Antes de entrarmos nos detalhes dessa história, vamos examinar o que é a Alquimia e por que ela é importante para o autoconhecimento. O Dicionário de Nova Era define Alquimia como “uma busca pelos segredos da vida pela transmutação dos metais básico em ouro no Ocidente; descobrindo o Elixir da Vida no Oriente.”

Alquimia vem do árabe Al´Kimia, que significa “do país dos negros” ou, “aquilo que vem do Egito”. Era usado para se referir aos estudos herméticos e iniciáticos que tiveram origem no Egito (ou Atlântida, se preferirem forçar um pouco mais a barra).

No livro intitulado The Secret Doctrine of the Rosacrucians (A Doutrina Secreta dos Rosa-Cruzes), escrito em 1614 sob um pseudônimo, o autor revela que o propósito principal da Alquimia não é tornar-se rico descobrindo como converter chumbo em ouro; ao contrário, o propósito principal é mental e espiritual. Ele usa o termo “Alquimia Mental” e “Alquimia Espiritual”. Transformar o “chumbo do Ego” no “ouro da Essência”, associando metais a planetas e seus defeitos. Desta forma, temos:

Esse autor também diz que as referênias alquímicas ao “enxofre”, “mercúrio” e “outros elementos químicos” que nada mais são do que alegorias para exprimir o reto pensar, reto falar e reto agir. Estas alegorias levam a pessoa a buscar a Pedra Filosofal (ou pedra cúbica, ou Vitriol), que também é conhecida como Elixir da Vida. Essa última revelação é extremamente importante, pois o primeiro livro de Rowling chama-se Harry Potter e a Pedra Filosofal. Nesse livro, uma busca é iniciada para descobrir a Pedra Filosofal, a partir da qual vem o “Elixir da Vida”.

No capítulo 13 de Harry Potter e a Pedra Filosofal, ficamos sabendo que o professor Dumbledore – o diretor da Escola de Magia de Hogwarts era amigo de Nicolau Flamel, que aperfeiçoou o Elixir da Vida por meio do processo da Alquimia. Assim, Flamel obteve a Pedra Filosofal, e é mostrado como sendo o possuidor original dela. Em seguida, nos próximos parágrafos, ficamos sabendo que essa Pedra Filosofal de Flamel produzia o Elixir da Vida, “que torna quem o bebe imortal”.

Finalmente, ficamos sabendo que Flamel tinha 666 anos de idade quando obteve a Pedra Filosofal e bebeu pela primeira vez do Elixir da Vida! Assim, Rowling vincula corretamente o número dos iluminados com a Alquimia e sua busca pela vida eterna por meio do ocultismo. A associação entre Tiferet, 666, a iluminação e o pavor aloprado da Igreja com este número já foi detalhado em colunas anteriores.

Agora, vejamos quais tipos de coisas Rowling incluiu em seus livros da série Harry Potter que vieram diretamente desse famoso livro “As Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz”.

1. Figuras na parede que se movem como se estivessem vivas

Hogwarts

Os livros de Harry Potter – em todos os livros de Harry Potter – os quadros nas paredes movem-se como se estivessem vivos. “Estava cansado demais para se surpreender que as pessoas nos retratos ao longo dos corredores murmurassem e apontassem quando eles passavam …” ou “O castelo estava silencioso… os dois passaram pelos quadros que resmungavam e as armaduras que rangiam…” Assim, os retratos nas paredes do castelo em que funciona a Escola de Magia de Hogwarts eram animados, como se estivessem vivos. Eles se moviam nos quadros e conversavam um com o outro. No segmento acima, as armaduras rangiam porque as pessoas no quadro estavam se movendo! Além disso, cada uma das quatro Casas de Fraternidade (cada uma representando um elemento, mas vocês já imaginaram isso, certo?) no campus tinha somente uma porta de entrada e era guardada por figuras falantes. Cada aluno tinha de dizer a senha daquele dia para entrar na Casa de Fraternidade:

“Não pararam de correr até chegaram ao retrato da Mulher Gorda no sétimo andar… ‘Focinho de porco, focinho de porco’, ofegou Harry e o quadro girou para a frente. Eles entraram de qualquer jeito na sala comunal e desmontaram, trêmulos, nas poltronas.”

“Os dois passaram pelos quadros que resmungavam e as armaduras que rangiam e subiram a estreita escada de pedra, até chegarem, finalmente, à passagem onde se escondia a entrada secreta para a Grifinória, atrás do retrato a óleo de uma mulher muito gorda, de vestido de seda rosa. ‘Senha?’, perguntou ela quando os dois se aproximaram. ‘Ããã…’, murmurou Harry. Eles não sabiam a senha do novo ano, ainda não tinham encontrado o monitor da Grifinória, mas o socorro chegou quase imediatamente; ouviram um tropel de passos às costas e quando se viraram deram com Hermione que corria ao encontro deles… ‘Pode nos poupar o sermão’ – disse Rony impaciente – ‘e nos dizer qual é a nova senha.’ ‘É maçarico’, respondeu Hermione… o retrato da mulher gorda se abriu …”

No livro, As Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz, encontramos o herói rosa-cruz, Christian Rosenkreutz, no fabuloso castelo do Rei e da Rainha da Esfera Supercelestial. Esse castelo chama-se “Casa do Sol” (sol, Tiferet, 666, pedra filosofal, magia, iniciados… heim? heim?).

O Rei e a Rainha nada mais são do que representações de Hochma e Binah, ou o Adão e Eva primordiais da bíblia alegórica. Eles também são representados por todos os finais de contos de fada nos quais o casamento entre o Cavaleiro e a Princesa os tornam Reis e rainhas que “vivem felizes para sempre”.

Christian pouco percebe que a razão pela qual foi convidado a esse castelo foi para testemunhar pessoalmente a reencarnação dos seis reis menores e de suas rainhas por meio do processo da Alquimia. Claro que para vocês que já acompanham a coluna, sabem que estamos falando do Hieros Gamos.

À medida que Christian percorre os corredores desse castelo celestial, observa algo muito estranho nas paredes. “…existiam ali na parte inferior e superior do quarto imagens maravilhosas, que se moviam, como se estivessem vivas…”

2. A Besta Fabulosa no Livro de Harry Potter – O Prisioneiro de Azkaban

No terceiro livro da série, Harry, Ron e Hermione são levados a uma aula chamada “Trato das Criaturas Mágicas”. O instrutor era o gigante Hagrid. Embora as criaturas nesse curso fossem fortes, perigosas e imprevisíveis, Hagrid gosta muito delas e tenta fazer os alunos gostarem também.

“Trotavam em direção aos garotos mais ou menos uma dezenas dos bichos mais bizarros que Harry já vira na vida. Elas tinham os corpos, as pernas traseiras e as caudas de cavalo, mas as pernas dianteira, as asas e a cabeça de uma coisa que lembrava águias gigantes, com bico cruéis cinza-metálico e enormes olhos laranja-vivo. As garras das pernas dianteiras tinham uns quinze centímetros de comprimento e um aspecto letal.”

Assim, a cabeça, pernas dianteiras e asas dessa criatura eram a de uma águia gigante; no entanto, o restante do animal era como um cavalo. Essa criatura chamava-se “Hipogrifo”. Hagrid fala aos alunos sobre esse animal: “Agora, a primeira coisa que você precisam saber sobre os hipogrifos, é que são orgulhosos… Eles se ofendem com facilidade. Nunca insulte um bicho desses, pois pode ser a última coisa que vão fazer na vida… Sempre esperem que o hipogrifo faça o primeiro movimento… É uma questão de cortesia, entendem? …”

Harry e seus amigos adquirem a afeição de um hipogrifo chamado Bicuço, e no final do livro, o animal salva-os de Voldermort, permitindo que montem nele e levando-os voando até um lugar seguro.

Em As Núpcias Químicas, Christian testemunha uma batalha muito estranha no castelo entre duas criaturas. “No interlúdio, um leão e uma besta fabulosa, que tinha corpo de cavalo e cabeça e asas de águia, são colocados para lutar um contra o outro, e o leão venceu, o que foi também um belo espetáculo”.

3. O espírito brincalhão que paira sobre o castelo atazanando as pessoas

Nos livros de Harry Potter, Rowling colocou um espírito brincalhão que ela chama de Pirraça, o Poltergeist! Pirraça gosta de entrar nas salas de aula e nos dormitórios da Escola Hogwarts, pregando peças que ele acha “engraçadas”. Fazer os alunos entrarem em apuros é também o papel de Pirraça nos livros. Veja um dos diálogos:

“Quando Filch baixou a pena, ouviu-se um forte estampido no teto da sala, que fez a lâmpada a óleo chocalhar. ‘PIRRAÇA!’ – rugiu Filch, atirando a pena no chão num assomo de raiva. – ‘Desta vez eu te pego, eu te pego!’ Pirraça era o poltergeist da escola, uma ameaça aérea e sorridente que vivia a provocar desordem e aflição. Harry não gostava muito do Pirraça, mas não pôde deixar de se sentir grato pelo seu senso de oportunidade…”

Em A Pedra Filosofal, Harry, Rony e Hermione estavam andando nas proximidades da sala de aula de Feitiços no meio da noite, para ir enfrentar Malfoy em um duelo de bruxos. Subitamente, Pirraça os encontra e percebe que estão infringindo um dos regulamentos da Escola, andando nos corredores àquela hora. Vamos acompanhar a narrativa:

“Não tinham caminhado nem dez passos quando ouviram o barulho de uma maçaneta e alguma coisa disparou da sala de aula à frente deles. Era Pirraça. Avistou os garotos e soltou um guincho de prazer. ‘Cale a boca, Pirraça, por favor, você vai fazer a gente ser expulso’. Pirraça soltou uma gargalhada. ‘Passeando por aí à meia-noite, aluninhos? Tsk, tsk. Que feinhos, vão ser apanhadinhos.’ ‘Não se você não nos denunciar, Pirraça, por favor.’ ‘Devia contar ao Filch, devia – disse Pirraça bem comportado, mas seus olhos cintilavam de maldade – É para seu próprio bem, sabem?’. ‘Saia da frente’ – disse Rony com rispidez, baixando o braço de Pirraça. Foi um grande erro. ‘ALUNOS FORA DA CAMA! – berrou Pirraça – ‘ALUNOS FORA DA CAMA NO CORREDOR DO FEITIÇO!’”

No livro rosa-cruz, As Núpcias Químicas, Christian viu esse mesmo tipo de espírito movimentando-se na Casa do Sol do Rei e da Rainha. “…deveríamos comparecer diante das Reais Pessoas, subindo as escadas em forma de caracol no referido salão, onde as mesas já estavam ricamente servidas, e essa era a primeira vez que éramos convidados à mesa do Rei. O pequeno altar estava colocado no meio do salão, e as seis insígnias reais referidas estavam colocados em cima dele. Neste momento o jovem Rei teve uma atitude muito gentil conosco; apesar de não poder estar feliz no fundo do coração, conversou um pouco conosco. No entanto, ele suspirava muito, ao que o Pequeno Cupido apenas zombava e fazia graça… Quase toda a conversação tola durante o banquete era provocada pelo Pequeno Cupido, que nunca nos deixava (e a mim, particularmente) em paz. Ele sempre provocava alguma situação desagradável.”

4. Unicórnio e Fênix

Em HP e a Pedra Filosofal, Rowling fala sobre os unicórnios “branco brilhantes” que vivem na Floresta Proibida. Nos capítulos finais, Hagrid leva Ron, Hermione, Harry e Malfoy para a Floresta Proibida para tentar descobrir quem está matando os unicórnios. Vamos acompanhar a narrativa:

“Havia salpicos nas raízes de uma árvore, como se o pobre bicho tivesse de debatido de dor por ali. Harry viu uma clareira adiante, através dos galhos emaranhados de um velho carvalho. ‘Olhe”, murmurou, erguendo o branço para deter Malfoy. Alguma coisa muito branca brilhava no chão. Eles se aproximaram aos poucos. Era o unicórnio, sim, e estava morto. Harry nunca vira nada tão bonito nem tão triste. As pernas longas e finas estavam em ângulos estranhos onde ele caíra e sua crina espalhava-se nacarada sobre as folhas escuras.”

Em As Núpcias Químicas, Christian Rosenkreutz descreve a cena no jardim em que viu o unicórnio pela primeira vez… “Assim, o jardim que ultimamente estava bem cheio, logo ficou vazio; de forma que além dos soldados não havia nenhum outro homem. Depois que o silêncio foi mantido pelo espaço de cinco minutos, apareceu caminhando para frente um lindo unicórnio branco como a neve, com um colar dourado com algumas letras inscritas em volta do pescoço… e assim o unicórnio retornou ao seu lugar com alegria.”

Em HP e a Câmara Secreta, Rowling dá um lugar de proeminência ao pássaro mítico e lendário, a Ave Fênix. Na batalha na Câmara Secreta, Harry é salvo graças à intervenção de Fawkes, a fênix de Dumblemore. A fênix atacou e perfurou ambos os olhos da serpente, fazendo-a sangrar muito. Essa ação permitiu que Harry escapasse e vencesse a serpente. Mais tarde, a fênix fez um sinal para Harry agarrá-la pela cauda para levá-lo dali. Assim, Harry segurou-se na cauda estranhamente quente da fênix. Rony segurou-se nas roupas de Harry com uma mão e agarrou a mão de Gina com a outra e a ave milagrosamente carregou todos eles para fora da Câmara Secreta, colocando-os em segurança.

Em As Núpcias Químicas, Christian vê um “fênix gloriosa” no Castelo do Sol. Além disso, no sexto dia – dos sete – Christian Rosenkreutz e outros adeptos assistiram a um ovo sagrado eclodir e um pássaro sair para fora. A princípio, esse pássaro era fraco e todo vermelho, e depois mudou a plumagem para uma cor preta após beber sangue humano, e depois mudou para branco como a neve, e depois para uma bela mistura de várias cores. O comportamento também mudava durante essas transformações físicas de selvagem para mais domesticado. Em seguida, os adeptos puseram a ave em uma banheira em que havia um líquido branco, como leite. Esse banho removeu todas as penas da ave e depois os adeptos a pintaram de azul brilhante. Os adeptos a levaram para o andar superior, onde foi colocada perto de um altar e recebeu algo para beber. Subitamente, a ave atacou a serpente branca que vivia na cabeça da morte, fazendo-a sangrar abundantemente”.

5. Ambos os castelos são cercados por lagos que comportam grandes navios

Rowling descreve a Escola de Magia de Hogwarts nas proximidades de um grande lago. Circulam rumores sobre a existência de um grande monstro nas águas do lago. Em HP e o Cálice de Fogo, um grande navio traz os Mestres da Magia da escola de Durmstrang, para Hogwarts, para participarem de um Torneio dos Campeões do Tribruxo. O grande navio que trazia os alunos de Durmstrang emergiu das águas profundas do lago e atracou próximo à Hogwarts.

Em As Núpcias Químicas, a Casa do Sol também está nas proximidades de um grande lago. Após os Reis menores e suas Rainhas serem decapitados em um ritual, a noite vem, e Christian Rosenkreutz adormece na cama. Subitamente, ele é despertado por uma luz muito brilhante e vai até a janela para ver o que está acontecendo. Ele vê seis navios aportando próximos ao castelo, flutuando nas águas do lago. Os caixões de cada Rei e Rainha foram embarcados, um par de caixões por navio. Em seguida, os navios partiram para o Monte Olimpo, onde os Reis e suas Rainhas retornaram à vida, de acordo com os preceitos da Alquimia.

6. O teto estrelado da Sala de Banquetes

Em Hogwarts, o salão principal no qual todos se reúnem possui em seu teto uma ilusão que reflete o céu estrelado. Tal qual o Salão maravilhoso, os templos celestiais são conhecidos por serem representações do cósmico e, como tais, possuem estrelas pintadas em seus firmamentos, mesmo quando localizados em lugares fechados. Quem tiver oportunidade de um dia visitar um Templo Maçônico poderá observar este detalhe peculiar.

7. As Casas e os 4 elementos

Assim como na alquimia, a Escola de Magia de Hogwarts está dividida em 4 Casas, representando cada uma delas um dos tradicionais elementos alquímicos. Desta forma, Grifinólia representa o elemento Fogo, Sonserina representa a Água, Corvinal (Ravenclaw) o Ar e Huffepuff a Terra. Isto pode ser visto nas cores dos uniformes, nas insígnias e nos animais escolhidos para simbolizá-los.

O álbum do Bruce Dickinson “Chemical Wedding” é baseado neste livro.

How happy is the human soul

Not enslaved by dull control

Left to dream and roam and play

Shed the guilt of former days

Walking on the foggy shore

Watch the waves come rolling home

Through the veil of pale moonlight

My shadow stretches out its hand…

[CHORUS:]

And so we lay, we lay in the same grave

Our chemical wedding day

[x2]

Floating in the endless blue

My seed of doubt I leave to you

Let it wither on the ground

Treat it like a plague you found

All my dreams that were outside

In living colour, now alive

And all the lighthouses

Their beams converge to guide me home…