Porque simpatizo com o espiritismo – Parte II

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Artigo original do Blog Textos para Reflexão

Muitos podem estar se perguntando - "tudo bem, você acredita que espíritos podem ser consciência extra-corpo formados por partículas que não interagem com a luz, mas dado o fato que essas nunca foram detectadas pela ciência, não é meio ilógico e arriscado crer em algo assim?" - Ao que respondo - "Arriscado sem dúvida, a vida é arriscada. Ilógico, não."

A lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. Entendo particularmente a lógica como um conjunto de idéias ou conceitos que interagem uns com os outros, e que mesmo considerados em conjunto continuam fazendo sentido. Para mim é lógico que um pensamento nada mais seja que um estímulo elétrico navegando pelos neurônios do nosso cérebro, mas é ilógico afirmar que esse estímulo é "aleatório", ou convenientemente ignorarmos que todo estímulo se deve a uma "origem". Será que algum neurologista descobriu de onde exatamente no cérebro isso vem (não estou falando de estímulos de origem não consciente)?

A lógica de um Criador

Seguindo uma lógica parecida, podemos afirmar que todo efeito consciente tem uma causa na consciência, ainda que não saibamos ainda exatamente o que é a consciência, sabemos que ela é obviamente a origem de um efeito consciente, ou uma ação qualquer originada de um ser que tem a consciência de si mesmo, de sua individualidade (certos religiosos atribuem suas ações ao "determinismo divino" ou a "sedução do Diabo", mas isso é uma outra história). Se "voltamos no tempo", chegamos aos fatos: um homo sapiens é fruto da evolução das espécies na Terra, a vida na Terra orginou-se de um "evento fortuito" que provavelmente se deveu a combinação de elementos químicos (como o Carbono) presentes na atmosfera do planeta (muitos chegaram por asteróides, nem estavam aqui originalmente) que "de algum forma" deram origem a vida orgânica; Esses mesmos elementos (principalmente o Hidrogênio) são fruto do Big Bang - a "explosão" que deu origem ao Universo. A ciência não tem uma idéia suficientemente elaborada sobre o que ocorreu nos milesegundos iniciais do Big Bang, e muito menos sobre o que havia antes dele.

Mas o fato é que do Big Bang surgiu o Universo. E nesse mesmo Universo, partículas que formaram certos elementos químicos ainda relativamente "logo após" ao Big Bang, possibilitaram posteriormente não só o surgimento da vida na Terra, como o advento da consciência no homo sapiens (e provavelmente em outros animais). Daí retiramos a lógica de que todo efeito tem uma causa, e todo efeito consciente, ou que gera a consciência, tem uma causa consicente. Aqui está, pura e simples, toda a lógica que divide aqueles que acreditam em um Criador daqueles que acreditam na aparente aleatoriedade do Universo (tudo bem, existem as Leis da Natureza que estão muito distantes de serem aleatórias, mas o evento que criou tais leis foi aleatório para os ateus, visto que não o vêem como algo "orquestrado", nem com "algum propósito específico").

Bem, eu pessoalmente não sou ateu, mas nada tenho contra eles (inclusive além de ter diversos amigos ateus, aprecio sua capacidade lógica, embora não concorde com sua defesa da aleatoriedade do Universo).

Seguindo com meu encadeamento lógico: se existe um Criador, é porque ele é a soma de toda a sua criação, e algo a mais. Não estamos falando de um cientista que cria vida artificial manipulando organismos que já existiam, ou do poeta que escreve sobre uma Natureza que já estava aqui muito antes dele, estamos falando sobre um Criador que criou tudo - cada partícula, cada bit de informação de um RNA, cada código simples e elegante da Natureza, cada sutileza assombrosa da Gravidade e outras leis naturais. Então, esse Criador é pela lógica - Onisciente (sabe de cada canto e cada segundo do Universo, em todos os tempos, em todos os pensamentos), Onipotente (a soma de tudo o que é possível na Natureza, do buraco negro ao amor de mãe e filho) e Onipresente (uma condição óbvia da Onisciência, visto que não estamos nos atendo a um "corpo físico divino" [nem muito menos a um "velho barbudo nos céus"]).

Até aqui, não temos muitas discordâncias entre as religiões: que existe um Criador. O problema, porém, se mostra muito mais complexo quando nos perguntamos "mas como será exatamente esse Criador? Qual o seu plano para o Universo? Ele intercede em suas próprias leis naturais? Ele criou o mal? Ele nos julga, ou julgará?" - Não pretendo aqui me ater a essas perguntas, prefiro focar na pergunta principal: "Poderemos um dia compreendê-Lo?".

Ao contrário de muitos religiosos que já se julgam incapazes de antemão a compreender "qualquer detalhe que seja" de um Criador, ou daqueles outros que seguem fielmente um Livro Infalível e atribuem todas as contradições aos "mistérios de Deus", penso que é nosso dever, e possibilidade real, compreender todas as nuances do Criador. De fato, a união de ciência e religião, como falei anteriormente, trata extamente disso: do conhecimento, passo a passo, do Universo, do Cosmos, e análogamente, de seu Criador. Não tenho a ingenuidade de pensar que seremos capazes tão cedo de desvendar sequer metade de Seus mistérios, mas assim como na ciência os sonhos e ficções se tornam rapidamente realidade, ao vislumbrar a longa trilha que temos pela frente eu não vejo razão para acreditar que somos incapazes de "passar de certo ponto", mesmo que esse ponto esteja ainda a milhões de anos da compreensão de nossas consciências.

Ninguém chega a lugar algum sem dar os primeiros passos...

À seguir, continuarei com o caminho lógico apresentado, porém unindo a teoria da evolução das espécies com a idéia do princípio consciente que origina os espíritos.

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