Espessura do Ártico tem redução dramática
Primeiro, o gelo do Ártico perdeu área. Agora, uma análise de dados coletados por satélite revela que ele também nunca foi tão fino. Inclusive no inverno. A espessura do gelo sobre o mar despencou para até 49 centímetros em alguns pontos. O estudo da University College London oferece a primeira prova definitiva de que o volume de gelo no Ártico está em acelerada redução.
Este ano, pela primeira vez na História, tanto a Passagem Noroeste quanto a Nordeste estiveram abertas no verão (no Hemisfério Norte) facilitando a circunavegação do Ártico num nível nunca observado.
Estima-se que a abertura simultânea das duas passagens não ocorria há 125 mil anos Em 2005, a Passagem Nordeste se abriu, enquanto a Noroeste permaneceu fechada. No ano passado, a situação se inverteu. Mas recentes imagens de satélite, feitas pela Nasa, mostraram que este ano a Passagem Noroeste também se abriu.
Calota ártica pode continuar a diminuir
O novo estudo revela uma redução dramática da espessura da calota de gelo no inverno de 2007. Desde 1990, quando começaram os registros da espessura do gelo, essa é a primeira vez que se observa uma diminuição significativa. O Ártico é importante para o equilíbrio climático de todo o planeta. Mudanças na região podem alterar a salinidade do mar e as correntes oceânicas, com impacto planetário.
— Essa é a primeira vez que se pode garantir que o volume de gelo realmente diminuiu. Medições por satélite são mais confiáveis e comparamos nossos dados com informações de campo coletadas, por exemplo, por perfurações, navios e aviões — explicou Seymour Laxon, um dos autores do estudo.
A análise foi publicada na revista “Geophysical Research Letters”. Ele levanta a possibilidade de que a perda de gelo poderá se acelerar porque a temperatura da água do mar tem subido. O verão de 2008 no Hemisfério Norte teve a segunda menor extensão de gelo sobre o Oceano Ártico, superior apenas à cobertura observada em 2007. Os pesquisadores chamaram a atenção para o fato de que a elevação temperatura do mar no Ártico tem sido mais significativa do que a do ar.
A coordenadora do estudo, Katharine Giles, do Centro de Observação Polar da universidade londrina, disse que é precipitado afirmar que o gelo do Ártico continuará a encolher porque se o próximo inverno for excepcionalmente frio parte da calota irá se recuperar. Durante cinco invernos, de 2002 a 2006, a espessura do gelo ártico se manteve relativamente estável. Mas em 2007 declinou abruptamente. No oeste do Ártico, que vem sofrendo perdas maiores a cada verão, o impacto foi ainda maior.
O Departamento de Meteorologia do Reino Unido considerou os dados preocupantes. Vicky Pope, pesquisadora do departamento e uma das principais assessoras sobre clima do governo britânico, disse que há um declínio claro: — As mudanças observadas nos últimos dois anos podem até ser causadas por flutuações naturais, como correntes oceânicas ou ventos. No entanto, há um claro declínio nos últimos 30 anos e nós podemos ver ali a ação humana.
De acordo com a pesquisa britânica, em média, o Ártico perdeu 26 centímetros de espessura. Esse tipo de medida é considerada mais confiável do que o de área porque a espessura varia bem menos.