Feliz Newtal
Dentro de algumas horas, o Mundo inteiro comemorará a chegada do bom velhinho patrocinado pela coca-cola. Além do papai noel e de “Jesus Cristo”, em 25 de dezembro (de 1642) nascia sir. Isaac Newton. Hoje em dia, céticos e ateus comemoram o Newtal ou Newtonmas. Nada me faz mais feliz do que ver estas serelepes mentes juvenis comemorarem com tanto afinco o nascimento de um dos maiores OCULTISTAS da Inglaterra (somente atras de Aleister Crowley, talvez).
Newton, o mago da razão
John Keats não perdoava Newton por ele “ter destruído toda a poesia do arco-íris“, fazendo, talvez, a primeira crítica ao excessivo racionalismo científico, do qual Sir Isaac, desde então, foi entronizado como o mais ortodoxo ícone. Mas, em verdade, longe de ser o primeiro representante da idade da Razão, ele foi, em verdade, “o último dos magos, o último dos babilônios e dos sumérios, a última grande mente que viu além do mundo visível e racional, com os mesmos olhos daqueles que iniciaram a construção de nossa herança intelectual“, como o definiu outro inglês, Keynes. O mundo preferiu não ouvir a definição de Newton dada pelo célebre economista, em 1942, após ter comprado, em um leilão, manuscritos de Newton e descoberto, atônito, o intenso interesse do cientista pelo mundo oculto.
Michael White, editor de ciência de várias publicações inglesas, pegou a pista de 50 anos atrás e resolveu investigar. O resultado foi uma surpreendente biografia do pai da Física moderna, “Isaac Newton: o Último Feiticeiro” (acho que foi publicado em português pela Record, se não me engano), que revela o intenso interesse de Newton pelo ocultismo e de que forma isso foi responsável por suas descobertas científicas mais importantes. “Ele sempre foi considerado um cientista rígido, adepto ferrenho do empirismo e ninguém podia acreditar que pudesse ter idéias alheias à corrente científica tradicional. Mas ele tinha, em segredo, um outro campo de estudo, a alquimia, com o qual queria desvendar os segredos do Universo, em vez de por meio da matemática e da ciência.Os Principia , em especial, são prova disso“, assegura White.
Segundo White, das mais de 4 milhões de palavras que Isaac Newton deixou escritas, 3 milhões remetem ao mundo oculto. “Ele, porém, temia deixar público esse envolvimento, pois a alquimia era crime passível de pena de morte, já que seus adeptos queriam produzir ouro e isso era uma ameaça para o sistema monetário”, explica o jornalista. “Foi a alquimia, com seu conceito de um espírito de afinidade química difundida pela matéria e permitindo a ocorrência de reações químicas, aliada ao arianismo secreto de Newton e à sua noção do corpo espiritual de Cristo difuso pelo universo, como um meio onde a matéria pode se movimentar, que permitiu a ele aceitar que a força da gravidade pudesse agir a uma distância aparente“, explica.
A maçã? Bem, já sabíamos que a história da inspiração da queda da fruta diante dos olhos de Newton não era para ser levada a sério. O que desconhecíamos era o autor da ficção: ninguém menos do que o próprio Sir Isaac. “Ele inventou essa história para encobrir a verdadeira linha de raciocínio oculta que utilizou para chegar às forças gravitacionais. Newton, quando velho, quis encobrir seus estudos alquímicos e também deixar uma imagem póstuma fascinante e condigna a seu status de grande gênio de sua era. Ele adorava fazer autopromoção“, conta White. “Mas devemos sempre nos remeter à sua época e não julgá-lo com nossos olhos. Para ele, nada havia de errado em, ao lado das ferramentas científicas, lançar mão de conhecimentos extraídos da Bíblia e da alquimia“, diz.
Basta, efetivamente, lembrar que Newton, nascido em 1642 e morto em 1727, viveu numa era em que se faziam guerras e se assassinavam homens por suas crenças religiosas e as análises meticulosas da natureza da luz aconteciam simultaneamente a tentativas sérias de se encontrar a pedra filosofal. Longe de um Newton diminuído, encontramos o cientista humano e criativo. “Até hoje, a maioria dos cientistas não pensa em termos puramente matemáticos ou empíricos e são pessoas muito imaginativas. Mesmo a ciência que enterrou a física newtoniana, a mecânica quântica, convenhamos, não é uma coisa das mais lógicas e se tentarmos entendê-la apenas com a razão não conseguiremos“, fala.
Mais: a alquimia não é distante da física quanto sonha a nossa filosofia. “Os alquimistas buscavam abranger todos os segredos do universo de forma, como chamamos hoje, holística. Eram excelentes observadores do mundo físico, o qual tentavam entender e explicar o seu funcionamento, com um olhar alternativo para o universo. Newton compreendeu que, se desejava levar a Física adiante, precisaria também reinventar o universo e criar uma nova narrativa“, afirma. Logo, para ele, a alquimia não era uma diversão, mas a sua musa inspiradora. E deve ser louvado por inventar a ciência criativa e que vai além do dado imediato”, avisa. “Era um homem muito religioso e acreditava ser seu dever desvendar os segredos do universo e só havia duas formas de fazer isso: estudando a palavra de Deus, a Bíblia, e a obra divina, a natureza. Ele procurou reunir esses universos em equilíbrio.” Mas, antes de seu biógrafo e de Keynes, um contemporâneo havia revelado a estranha paixão do sábio racional: seu arquiinimigo Leibniz.
“Leibniz denunciou que o conceito da gravidade estava muito ligado ao mundo do ocultismo. De fato, Newton deixou-se cair numa armadilha intelectual ao tentar esconder esse seu lado secreto. Ao se ver encurralado, sem poder revelar a fonte de suas idéias, ele lançou mão de um ‘éter’ hipotético, a fim de explicar a gravidade. Isso não apenas ia de encontro ao seu propalado comprometimento com a razão experimental, como também o deixou exposto ao ataque – para ele terrível, dado o seu credo religioso – de que era um mecanicista“, conta White. O cientista gastou 40 anos de sua vida perseguindo o colega Leibniz, numa campanha nunca antes vista no mundo acadêmico, para destruí-lo, convencido de que fora roubado pelo companheiro de ciência na sua formulação do cálculo.
“Newton era uma pessoa detestável, um homem amargo, estranho, recluso. Diz a lenda que só riu uma vez na vida: quando lhe perguntaram que utilidade via em Euclides. É, com certeza, um exagero, mas não está de todo longe da sua personalidade real“, fala White. “Quando fez 19 anos, ele escreveu uma lista dos pecados que cometera em sua existência e o de número 13 é assombroso: “Quis queimar meu padrasto e mãe e a casa sobre eles“. O seguinte tampouco é melhor: “Desejei a morte a muitas pessoas e gostaria que realmente ocorresse para alguns“. Newton certamente não ganhava presentes do papai-noel…
Era um homem problemático, solitário e sofrido”, fala. “E sempre procurou compensar suas origens humildes com o sucesso. Assim, se na juventude fazia suas pesquisas para glorificar Deus, com o passar do tempo ele queria apenas se promover, fazendo ciência para seu próprio interesse“, revela o biógrafo.
Isaac Newton, o Maçom e Rosacruz
Em 1719, Newton foi eleito como o terceiro Grão Mestre da Grande Loja de Londres. Eu, particularmente, duvido MUITO que qualquer pessoa poderia chegar ao cargo de Grão Mestre de qualquer ordem que fosse se “nunca tivesse frequentado uma reunião sequer” (como certa vez o Kentaro afirmou). Newton é tão conhecido dentro da Maçonaria inglesa que uma das mais tradicionais Lojas Maçônicas de Cambridge carrega seu nome, a “Isaac Newton University Lodge, n. 859“.
Seus trabalhos maçônicos incluem um extenso estudo sobre a geometria do Templo de Salomão, a ponto de William Blake, outro ocultista e alquimista de extremo renome, tê-lo chamado de “Geômetra Sagrado” em seus textos.
Isaac Newton, o Mago
O pai da ciência moderna, Isaac Newton, tinha um pé no racionalismo e outro no misticismo e deixou um legado revolucionário no campo da astronomia, da física e da matemática. Seus trabalhos conduziram à moderna física óptica e à formulação das três leis do movimento que geraram a lei da gravitação universal e lançaram os fundamentos do cálculo infinitesimal. Pelo menos é isso que está nos livros escolares. E não é pouca coisa. O princípio da gravitação universal, por exemplo, que explica toda a mecânica celeste e a dança dos planetas em torno do Sol, colocou abaixo o pensamento filosófico vigente até o século XVII, eliminando a dependência da ação divina. Tal ousadia já valeria uma investigação do poder inquisitorial da Igreja, mas Newton não foi queimado na fogueira. Isso porque poucos sabiam que ele era uma figura muito mais ousada: também pesquisava metodicamente a alquimia e a astrologia.