Prahlad Jani, Jasmuheen e outros Sai Babas famintos

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Prahlad Jani

Imagem divugada por hospital mostra o paciente indiano Prahlad Jani (Mataji), que tem 82 anos, afirma ter sobrevivido sem comida e água por mais de 70 deles, em hospital na cidade indiana de Ahmedabad. Um instituto científico logal, o Dipas, está fazendo um estudo, liderado pelo neurologista Sudhir Shah, para tentar comprovar a veracidade da afirmação. Será mesmo?

O Tio Marcelo nunca gostou de Rama Bananas da Índia. De cada 100 “gurus” indianos da atualidade, teremos sorte se 99 deles forem picaretas… Mas esta semana fomos bombardeados por (mais) notícias fantásticas sobre sujeitos que alegadamente dizem “viver de luz” ou que passam dezenas de dias (anos?) sem se alimentar.

E o pior de tudo é que vemos estas notícias nas sessões de CIÊNCIA dos jornais, inclusive jornais conceituados e referenciais como o G1 e a BBCBrasil. A Bola da vez é Prahlad Jani, que diz viver 70 anos sem se alimentar. Postei a notícia no meu blog para ver a repercussão, pedindo que os leitores procurassem por outras manchetes. Em menos de um dia, mais de 20 artigos foram linkados, de sites esquisotéricos duvidosos à reportagens na Discovery, BBC e outros jornais ditos “confiáveis”.

Inédia

Pão e Água

Inédia é o nome que se dá a suposta possibilidade de sobreviver sem alimentos. Respiratorianismo é um conceito relacionado, que afirma que comida e até mesmo água não são necessários e é possível viver somente de prana (a força vital do Hinduísmo) , ou, de acordo com alguns, se alimentando de luz solar. Nos últimos anos, o movimento foi popularizado pela australiana Ellen Greve, mais conhecida como Jasmuheen (e na minha opinião, outra picareta).

Prana é a energia vital absorvida através da respiração e que tem origem no Sol. Swâmî Vivékānanda chamou esta energia de “Princípio da vida”. É a chamada Energia positiva da natureza, em contraponto à Energia Telúrica, que é a energia que emana do interior dos planetas; absorvida pelos nossos corpos sutis através dos chakras e nadis e que servem como fonte de energia para nossos corpos astrais e mentais. Este conceito foi explicado originalmente nas Chandogya Upanishad hindus e desenvolvido nas escolas de Yoga e Artes Marciais.

Até ai tudo bem… só que em todas as Escolas de Yoga e Ocultismo sério, aprendemos que o Prana serve para vitalizar e energizar nossos corpos sutis. CORPOS SUTIS Apenas.

Não existe NADA em nenhum texto esotérico sério que diz que você pode viver sem se alimentar de comidas físicas. Nem Jesus nem Buda nem Aleister Crowley viviam sem se alimentar (Jesus, inclusive, era Vegetariano e Buda morreu de uma indigestão, sinal claro que ele se alimentava regularmente). Se Jesus e Buda, que são os Avatares, se alimentavam regularmente e Crowley não dispensava uma boa macarronada, você acha mesmo que nós, macaquinhos em desenvolvimento, podemos passar vivendo apenas de luz do sol?

O consenso científico atual sobre nutrição e o bom senso indicam que uma pessoa exposta a esse tipo de dieta de luz, a curto prazo, acabaria morrendo de inanição ou desidratação.

Os jejuns são realizados em práticas esotéricas para limpar o organismo antes de um ritual. É fácil entender o princípio através desta comparação: Se você vai ser operado para uma cirurgia física, precisa de um jejum de 8-12 horas para que todo o seu sistema digestivo esteja limpo, para que não haja perigo de contaminação ou de vômito. No caso de um ritual mental ou espiritual, o jejum é necessário para que toda a energia do seu corpo esteja focada no ritual que você irá fazer. Desta maneira, é praxe em qualquer centro espírita ou de umbanda/candomblé exigir de seus médiuns jejum de carne/alcool/sexo nas 24 horas anteriores a qualquer reunião e, em iniciações mais importantes, manter alimentação vegetariana na semana anterior à iniciação e jejum de 12 horas antes do ritual.

Mas acabou ai. NENHUMA Ordem séria vai pedir mais do que isso. Nenhum estudioso espiritualista acha que seria viável viver sem água. Só os malucos esquisotéricos levam isso a sério. E ai correm sérios perigos de vida nessas dietas malucas inventadas por gurus indianos (ou australianos).

O Jejum do Ramadã

Há diversos tipos de jejuns realizados em práticas religiosas, cuja origem esotérica ha muito foi perdida e hoje sobrevive apenas a parte exotérica.

O objetivo original era o mesmo que os ocultistas usam hoje em dia: preparar energeticamente para poder se conectar com o Sagrado Anjo Guardião (SAG). Cada religião possui versões diferentes mas que, em essência, possuem a mesma origem:

Catolicismo

A Igreja Católica distingue entre jejum e abstinência. O jejum é a abstinência total de comida e bebida (com excepção da água) enquanto que a abstinência é abster-se de alguma coisa que seja mais pesada ou mais cobiçada. Durante toda a Quaresma é proposta aos Católicos a abstinência a fim de que estes possam experienciar os quarenta dias que Jesus jejuou no deserto. Durante esse período é proposto que se abstenham de comer ou fazer algo e que o dinheiro que sobre dessa abstinência seja entregue a boas causas. Nas Sextas-feiras da Quaresma é proposta a abstinência de carne, por esta ser um alimento mais pesado e tradicionalmente mais caro. Na Sexta-Feira Santa e na Quarta-Feira de Cinzas é proposto o jejum desde o acordar até ao deitar. O jejum não é proposto a pessoas em condições especiais de vulnerabilidade: crianças, enfermos, viajantes, pessoas idosas ou muito fracas, e mulheres grávidas.

Protestantes e Evangélicos

Os evangélicos e protestantes não tem datas específicas para jejuar. O jejum é baseado no sentido bíblico literal, que é uma forma de ‘matar a carne’. Quando você ‘mata a carne’, você está fortalecendo o seu espírito, vencendo motivações egoístas e assim, se aproximando mais de Deus. O jejum pode ser a abstinência não só de alimentos e liquidos, mas de qualquer coisa ou hábito que tenha se tornado ‘indispensável’, como forma de entrega e dependência real de Deus. O jejum eficaz é acompanhado de leitura bíblica e oração. Ele também varia de acordo com a idade, condição de saúde, necessidade de esforço entre outros. O modo de se jejuar no meio evangélico é fazer uma oração dizendo a Deus que a partir daquele horário ele estará jejuando, e, quando o jejum terminar, ele (ou a Igreja) fazem uma consagração, entregando o jejum nas mãos de Deus. Jejuando, a pessoa fica mais forte espiritualmente e mais resistente ao inimigo, porém não se deve demonstrar para as pessoas que está em jejum, este ato é uma particularidade entre o homem e Deus.

Judaísmo

Os judeus fazem jejum no Dia do Perdão (Yom Kippur). Do pôr-do-sol de um dia ao pôr-do-sol do outro dia, eles não comem e não bebem nada, nem mesmo água.

Islamismo

Os muçulmanos jejuam do amanhecer ao pôr-do-sol do mês festivo do Ramadão para que todos os seus pecados sejam perdoados. Após o pôr-do-sol, comem frugalmente.

Mórmons

Os santos dos últimos dias (também conhecidos como mórmons) são encorajados a praticar o jejum completo (abstinência total de alimentos e líquidos) durante um período que inclua duas refeições (aproximadamente 24 horas), em todo primeiro sábado/domingo de cada mês. (Iniciando no almoço ou jantar do sábado e concluindo na mesma refeição no domingo.) O jejum também pode ser praticado durante outros dias do mês, conforme a vontade do praticante, sendo a prática do mesmo no primeiro domingo reforçada por uma reunião especial, onde os santos dos últimos dias têm a liberdade de relatarem suas experiências pessoais e prestarem testemunho de suas crenças. Durante o jejum, os praticantes mórmons se dedicam mais especificamente à leitura e estudo das escrituras e à oração. A quantia que seria gasta no preparo dessas duas refeições é doada para um fundo específico da Igreja, que o utiliza para tratar dos necessitados. Os santos dos últimos dias consideram o jejum como um meio de desenvolver auto-controle, buscar bênçãos divinas e refinar o espírito.