Religião: você precisa ter uma?
Antes mesmo de entrarmos no assunto, quero explicar o que é religião. Religião deriva do termo latino “Re-Ligare”, que significa “religação” com o divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do mundo físico. Sendo assim o hábito, geralmente por parte de grupos religiosos de taxarem tal ou qual grupo religioso rival de seita, não têm apoio na definição do termo. Seita, derivado da palavra latina “Secta”, nada mais é do que um segmento minoritário que se diferencia das crenças majoritárias, mas como tal também é religião.
Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia, Sociologia ou qualquer outra “ciência” social, de um grupamento humano em qualquer época que não tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então um fenômeno inerente a cultura humana, assim como as artes e técnicas.
Grande parte de todos os movimentos humanos significativos tiveram a religião como impulsor, diversas guerras, geralmente as mais terríveis, tiveram legitimação religiosa, estruturas sociais foram definidas com base em religiões e grande parte do conhecimento científico, “filosófico” e artístico tiveram como vetores os grupos religiosos, que durante a maior parte da história da humanidade estiveram vinculados ao poder político e social.
Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce, desafiando previsões que anteveram seu fim. A grande maioria da humanidade professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a Religião continua a promover diversos movimentos humanos, e mantendo estatutos políticos e sociais.
Tal como a Ciência, a Arte e a Filosofia, a Religião é parte integrante e inseparável da cultura humana, é muito provavelmente sempre continuará sendo.
Há várias formas de religiões. Para não dizer centemas, ou até mesmo, milhares. Pessoalmente como um estudioso do assunto, prefiro uma classificação que leva em conta as características, e divido as religiões em quatro grandes grupos distintos: Panteístas; Poleteístas; Monoteístas; Ateístas.
Nessa divisão há uma ordem cronológica. As Religiões Panteístas são as mais antigas, dominando em sociedades menores e mais “primitivas”. Tanto nos primórdios da civilização mesopotâmica, européia e asiática, quanto nas culturas das Américas, África e Oceania.
As Religiões Poleteístas por vezes se confundem com as Panteístas, mas surgem num estágio posterior do desenvolvimento de uma cultura. Quanto mais a sociedade se torna complexa, mais o Panteísmo vai se tornando Politeísmo. Já as Monoteístas são mais recentes, e atualmente as mais disseminadas, o Monoteísmo quantitativamente ainda domina mais de metade da humanidade.
E embora possa parecer estranho, existem religiões Ateístas, que negam a existência de um ser supremo central, embora possam admitir a existência de entidades espirituais diversas. Essas religiões geralmente surgem como uma reação a um sistema religioso Monoteísta ou pelo menos Politeísta, e em muitos aspectos se confunde com o Panteísmo embora possua características exclusivas.
Essa divisão também traça uma hierarquia de rebuscamento filosófico nas religiões. As Panteístas por serem as mais antigas, não têm Livros Sagrados ou qualquer estabelecimento mais sólido do que a tradição oral, embora na atualidade o renascimento panteísta esteja mudando isso. Já as politeístas muitas vezes possuem registros de suas lendas e mitos em versão escrita, mas Nenhuma possui uma Revelação propriamente dita. Isto é um privilégio do Monoteísmo. Todas as grandes religiões monoteístas possuem sua Revelação Divina em forma de Livro Sagrado. As Ateístas também possuem seus livros guias, mas por não acreditarem num Deus pessoal, não tem o peso dogmático de uma revelação divina, sendo vistas em geral como tratados filosóficos.
Panteísmo: Religiões silvícolas, xamanismo, religiões célticas, druidismo, amazônicas, indígenas norte americanas, africanas e etc. Politeísmo: Religião Grega, Egípcia, Xintoísmo, Mitologia Nórdica, Religião Azteca, Maia etc. Monoteísmo: Bhramanismo, Zoroastrismo, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Sikhismo. Ateísmo: Orientais: Taoísmo, Confucionismo, Budismo, Jainismo. Ocidentais: Filosofias NeoPlantônicas, Ateísmo Filosófico (Não Religioso) Neo Panteísmo: Racionalismo Cristão, Neo-Gnosticismo, Teosofia, Wicca, “Esotéricas”, etc.
Cada uma com os seus rituais específicos, símbolos e sua mitologia.
Eu particularmente, sou espiritualista universalista e para mim isso não é uma religião, mas também não deixa de ser uma forma de religar-me ao divino, mesmo acreditando que ele sou eu e eu sou ele. O que é isso? Através de estudos acabei conhecendo as religiões, ou melhor, muitas delas. E acabei percebendo, que todas acabam por escravizar a minha mente. Seja através de doutrinas, seja em seus rituais, e em seus detalhes. Isso pode, aquilo não pode, isso é pecado…papai do céu não gosta disso, comer isso é proibido, comer aquilo também é proibido. Fico imaginando se Aquino, o pai da lógica, não tivesse limitações (religiosas), credos, a cada passo do caminho, Aquino esbarra no mistério divino e dá um passo atrás. Isso não posso explicar, daqui não posso ir. Agostinho foi outro gênio, ambos autores são monumentos vivos dos efeitos nocivos dos dogmas sobre cérebros que, de outro modo, seriam brilhantes. E de certa forma foram…Mas sem as restrições religiosas poderiam ter ido muito mais longe, disso não me resta dúvidas.
E falando sobre as religiões monoteístas, faço sempre uma pergunta: Sendo Deus eterno e imutável, autor de coisas muito boas, qual é, então, a origem do mal?
E por favor, não me venham com aquela estorinha de Lúcifer… o Anjo caído…é absurda! No mínimo ridícula.
Em Platão, o tema do mal também é bastante presente. Gostaria apenas de salientar que no Protágoras, chega-se à conclusão que nenhum homem deseja o mal (assim como Agostinho) , mas o escolhe apenas por ignorância do que seja o bem.
Baseado nesse e em milhares de outros questonamentos, busquei dentro de mim mesmo algumas trasformações, minha própria Lux. Busquei e busco, me conhecer…e percebi que tudo, posso desde que tenha Vontade…Tenho absoluta certeza que algo divino habita em mim. Colho diariamente aquilo que planto. Sou pura energia, vibração, estou em contato direto com o universo, faço parte dele.
Vamos ver se consigo exlicar o que é espiritualidade. Para mim a espiritualidade é um estado de consciência; é reconhecer em si a Vida, e a mesma Vida em tudo e em todos. É consciência não-condicionada pela mente. É consciência livre da mente, para ser o que é: não aquilo que pensamentos e muitas crenças dizem ser.
As palavras em um ensinamento espiritual apenas apontam para o estado de consciência essencial do ser humano.
Alcançado esse estado de consciência, o ser humano vive a vida na Terra a partir dessa liberdade, expansividade e se torna mestre sobre a realidade interna e externa, pois está alinhado com a essência daquilo que o criou: a vasta inteligência criativa que permeia e dá Vida a todo o Universo. Você pode chamar essa essência de Deus? Lógico, que podemos… Podemos tudo! Nossos pesamentos criam a nossa realidade.
Por Wagner Veneziani Costa,