Simbolismo Vegetal I
A vegetação, na indefinida variedade de suas espécies, formas, cores e fragrâncias, constitui um mundo inesgotável de significações simbólicas conhecidas por todos os povos desde a mais remota Antigüidade. Recordemos, neste sentido, que o Paraíso terrestre é descrito como um jardim ou um vergel, ao cuidado do qual estavam os primeiros homens. Por este motivo, a agricultura (a “cultura do agro”) é considerada como o primeiro ofício nascido da sedentarização da humanidade, que dá lugar à aldeia e posteriormente à cidade em pedra e à civilização tal qual a conhecemos. Não esqueçamos que a palavra cultura deriva precisamente de “cultivo”, o que está relacionado evidentemente com o vegetal. A isto se deve, sem dúvida, o porquê do homem arcaico e tradicional ter incorporado o vegetal na descrição simbólica de sua cosmogonia e de sua visão sagrada do mundo. Efetivamente, nada há que expresse melhor o desdobramento da vida universal do que uma planta em seu pleno desenvolvimento, como por exemplo a árvore, que é também um dos símbolos naturais mais difundidos do Eixo do Mundo, e o que mais claramente alude à estrutura cósmica e seus diferentes planos ou graus de manifestação. Baste recordar a Árvore da Vida Sefirótica, semelhante, quanto a sua significação essencial, a outras muitas árvores sagradas pertencentes às mais diversas tradições de todos os tempos e lugares, como a ceiba [N.T.: Ceiba Pentandra Gaertin, árvore existente na América Central] entre os maias, o carvalho (ou encina [N.T.: Quercus ilex]) entre os celtas, a oliveira entre os povos mediterrâneos, a árvore Yggddrasil entre os escandinavos, a palmeira entre os antigos egípcios e os árabes, etc.
A mesma função simbólica desempenham determinadas flores, como o lótus nas tradições orientais e a rosa ou o lírio nas ocidentais. Todas elas são símbolos do Centro e do Mundo, e o abrir-se de suas pétalas expressa o desenvolvimento da manifestação a partir da Unidade primordial, por isso também que se as relacione com o simbolismo da “roda cósmica”, estando o número de pétalas em correspondência com os radios ou raios que conectam o centro da roda com sua periferia. Não esqueçamos tampouco que as flores em geral estão vinculadas ao simbolismo da copa, e por conseguinte ao aspecto passivo e receptivo da manifestação, à pureza virginal da “quintessência”, por exemplo quando se fala do “cálice” de uma flor.